Pesquisadores brasileiros identificaram uma nova espécie de sapo minúsculo na Serra do Quiriri, no nordeste de Santa Catarina, e decidiram batizá-la em homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A espécie, chamada Brachycephalus lulai, foi descrita em um estudo publicado na revista científica PLOS One, após quase dez anos de pesquisas conduzidas por uma equipe internacional liderada por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Brachycephalus lulai: saiba mais sobre esse sapo minúsculo e laranja
A nova espécie descoberta pelos cientistas pertence ao gênero Brachycephalus, grupo de sapos diurnos extremamente pequenos que vivem escondidos na Mata Atlântica, o bioma mais devastado do país. Esse sapinho minúsculo, que mede cerca de 18 milímetros, foi nomeado como Brachycephalus lulai em homenagem ao presidente Lula. Além do nome peculiar, a espécie chama atenção pela coloração laranja intensa, marcada por pequenas manchas irregulares em tons de verde e marrom.
Apesar da aparência chamativa, esses animais são difíceis de encontrar. Isso porque eles habitam regiões montanhosas e de difícil acesso. Como é praticamente imperceptível a olho nu, por muito tempo, o som do animal chegou a ser confundido com o canto de grilos. Segundo os pesquisadores, entender como essas espécies vocalizam foi essencial para o avanço na identificação de novos Brachycephalus. Com a descrição do lulai, o gênero passa a totalizar 44 espécies reconhecidas.
As variações de cor da espécie Brachycephalus. Créditos: Plos One
Por que o nome do presidente serviu de inspiração para a descoberta?
A escolha do nome não foi por acaso. De acordo com Marcos Bornschein, professor do Instituto de Biociências da Unesp que comanda o estudo, a homenagem ao presidente Lula é também um alerta político e ambiental. A ideia é chamar atenção para a necessidade de ampliar ações de conservação da Mata Atlântica.
O estudo é resultado de nove anos de trabalho, desde a descoberta inicial do animal, em 2016, até sua descrição formal. Participaram da pesquisa 11 cientistas ligados a instituições do Brasil, Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha. Além das análises morfológicas e acústicas, a equipe utilizou tomografia computadorizada de alta resolução e dados genéticos para confirmar que se tratava de uma nova espécie.
Descoberta reforça a necessidade de conservação da Mata Atlântica
Os resultados da pesquisa também ajudam a entender de que forma as mudanças climáticas impactam no surgimento de novas espécies. Segundo o estudo, o aquecimento global fez com que florestas avançassem sobre áreas de altitude, isolando populações de sapos em topos de montanhas e favorecendo processos de especiação. Esse fenômeno continua acontecendo, impulsionado pelo clima mais quente e úmido.
E apesar do Brachycephalus lulai ter sido classificado como espécie de pouca preocupação, os pesquisadores defendem a criação de uma unidade de conservação na região, capaz de proteger não apenas o novo sapo, mas outras espécies que também dependem desse ambiente para sobreviver.
Ver 0 Comentários