Da última vez que verificamos, havia 36 axolotes restantes na natureza: é assim que os cientistas estão trabalhando para encontrar todos os que restam

Espécies invasoras e ações humanas foram responsáveis ​​pelo desaparecimento desta espécie.

Destruição do seu meio ambiente e espécies invasoras levaram o axolote ao risco de extinção | Imagem: Mattias Banguese
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Igor Gomes

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Subeditor do Xataka Brasil. Jornalista há 15 anos, já trabalhou em jornais diários, revistas semanais e podcasts. Quando criança, desmontava os brinquedos para tentar entender como eles funcionavam e nunca conseguia montar de volta.

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À medida que o axolote se torna um ícone global, uma estrela em laboratórios ao redor do mundo, um animal de estimação exótico e até mesmo um personagem do Minecraft, seu único habitat natural no planeta está prestes a desaparecer. Na última vez que um censo abrangente foi realizado, em 2014, os cientistas conseguiram encontrar apenas 36 espécimes nos canais de Xochimilco, ao sul da Cidade do México. Uma década depois, a busca recomeçou, e é uma corrida contra o tempo para salvar este anfíbio.

A questão é se ainda existem alguns exemplares

Em 1998, as águas de Xochimilco abrigavam 6.000 dessas criaturas por quilômetro quadrado. Em 2008, esse número havia caído para 100. Agora, a questão que os cientistas do Laboratório de Restauração Ecológica da UNAM enfrentam é se ainda existem alguns exemplares nesse ambiente .

Uma busca entre redes e DNA

A cada amanhecer, enquanto uma névoa mágica se ergue dos canais, Basilio Rodríguez, um ex-pescador local, lança sua rede de arremesso na água. Ele não caça peixes para comer, como seus ancestrais, mas sim o axolote, um animal que ele mesmo lembra como uma iguaria: "suave, macio, suculento, delicioso". Mas hoje, as redes são erguidas repetidamente com a mesma captura decepcionante: carpas e tilápias, duas espécies invasoras que são, em parte, responsáveis ​​por essa história.

Mas a pesca tradicional não é a única estratégia que eles buscam. Sua grande esperança reside em uma técnica inovadora chamada análise de DNA ambiental. Para realizá-la, os cientistas coletam amostras de água para procurar os traços genéticos deixados pelo axolote. Esta é uma das oportunidades que eles têm pela frente, visto que ainda não encontraram nenhum axolote.

Um anfíbio com capacidade regenerativa

O axolote é um animal extraordinário. É famoso por sua neotenia, ou seja, a capacidade de permanecer em estado larval por toda a vida. Essa eterna juventude, ligada às suas células-tronco, confere-lhe um superpoder que fascina a ciência: a regeneração. Se perder uma perna, um pedaço do cérebro ou um coração, pode regenerá-lo completamente em questão de horas.

Uma espécie frágil rumo ao abismo

Vários fatores estão influenciando o desaparecimento desta espécie. O primeiro são as espécies invasoras que invadiram seu ecossistema. As carpas devoraram os ovos do axolote, enquanto as tilápias comem os filhotes e competem por alimento. Não menos importante é a destruição de seu habitat, já que a qualidade da água em Xochimilco se deteriorou drasticamente devido à urbanização, aos pesticidas agrícolas e à poluição.

Barulho e turismo também podem ser letais para esses anfíbios. Como animais noturnos que amam o silêncio, a presença de humanos em seu habitat natural, promovendo festas flutuantes, torna seu "lugar feliz" um lugar impossível para eles.

Famoso em todo o mundo, mas ausente em casa

Enquanto sua população selvagem está desaparecendo, o axolote vive uma explosão de popularidade global. Sua capacidade regenerativa é fundamental para pesquisas sobre envelhecimento e câncer. Sua aparência adorável o tornou um produto de merchandising popular: camisetas, chaveiros e bichos de pelúcia.

Mas especialistas alertam. Manter milhares de axolotes em cativeiro, muitos deles albinos e modificados para pesquisa, não salvará a espécie. A chave é restaurar seu habitat, uma tarefa árdua que custaria cerca de 30 milhões de euros, segundo o pesquisador Luis Zambrano.

O plano de resgate já está em andamento

Dada a impossibilidade de limpar toda Xochimilco de uma só vez, a equipe da UNAM lançou um engenhoso Plano B: criar abrigos para axolotes. A ideia é colaborar com os chinamperos, os agricultores locais que cultivam as ilhas artificiais.

O projeto envolve a restauração das chinampas e o cerco com valas e filtros para impedir a entrada de tilápias. Axolotes criados em cativeiro, com genética o mais pura e semelhante possível à de seus ancestrais selvagens, poderiam ser introduzidos nessas pequenas arcas aquáticas.

Eles já estão buscando financiamento para realizá-lo

Para financiar este novo projeto, a UNAM lançou a campanha "Adote um Axolote". Por cerca de 30 euros, qualquer pessoa poderia adotar virtualmente um dos 140 animais que vivem no centro, dar-lhe um nome e ajudar a financiar a criação desses abrigos. Isso gerou uma receita de quatro milhões de pesos.

Muitos animais estão em perigo de extinção

Além dos axolotes, esse problema também está presente na Espanha, como nas Ilhas Canárias, considerada a região com mais espécies nessa situação. Outros animais podem ser responsáveis, mas também os humanos, como é o caso do Brasil.

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