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Um ex-chefe da PlayStation insiste: os preços dos videogames deveriam ter aumentado a cada geração

Shawn Layden lembra que o custo de desenvolvimento aumentou, por isso as empresas buscaram outras formas de ampliar suas receitas

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Sofia Bedeschi

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Sofia Bedeschi

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

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Reabre-se um dos temas mais recorrentes da indústria: o preço dos videogames. Já vimos a Nintendo vender Mario Kart: World por R$ 500, a Xbox anunciar um aumento no valor de seus títulos e recuar logo depois, e alguns analistas acreditam que a Rockstar pode lançar o futuro GTA VI custando entre R$ 540 e R$ 600.

Agora, a discussão volta à tona com as palavras de Shawn Layden, ex-presidente da SIE Worldwide Studios, que defende que os jogos digitais deveriam ter encarecido a cada nova geração.

Layden concedeu uma entrevista à GamesIndustry para participar de uma reportagem sobre o estado atual da indústria de videogames. Como era de se esperar, parte do artigo aborda o aumento de preços por parte das distribuidoras e o fato de que os jogadores agora têm acesso a experiências gratuitas como Fortnite, Roblox e outros jogos como serviço. “É uma dissonância cognitiva estranha”, começa o ex-chefe da PlayStation ao opinar sobre esse fenômeno.

Layden continua dizendo que o preço dos videogames não aumentou nos últimos anos, apesar de fatores como a inflação e o crescimento dos custos de desenvolvimento. Na sua visão, isso acontece porque “todos têm medo”. “Ninguém quer ser o primeiro a aumentar o preço porque teme perder público. Então, o que você acaba fazendo é engolir sua receita operacional e sua margem de lucro.”

“Havia mais carros esportivos no estacionamento na época do PS1 do que na época do PS4 porque, se você vende 20 milhões de unidades a R$ 330 de algo que custou apenas R$ 55 milhões para produzir, é bem diferente de vender 20 milhões de unidades a R$ 330 de algo que custou R$ 880 milhões”, explicou.

Dessa forma, ainda segundo o ex-presidente da SIE Worldwide Studios, as companhias foram crescendo enquanto sustentavam a ideia de que “sempre que crescermos, mesmo que não estejamos lucrando, de alguma maneira não podemos morrer”.

As empresas "já vêm mexendo um pouco no preço médio".

Em conclusão, Layden considera que o preço dos videogames deveria ter aumentado a cada nova geração. No entanto, as companhias encontraram outras formas de ampliar suas receitas com práticas já consolidadas no setor. “O custo de produção é alto demais.

Se você vai gastar mais de R$ 1,1 bilhão para desenvolver um jogo, suas margens ficam muito apertadas, a não ser que possa esperar vender 25 milhões de unidades. A não ser que você seja a Rockstar, não deve esperar vender 25 milhões de cópias”, explica.

“Elas [as empresas de videogame] disseram: ‘Certo, e se mantivermos o preço e depois cobrarmos por DLCs, microtransações, passes de batalha, passes de temporada, chame como quiser, e tentarmos compensar o excedente?’”, continua o executivo, lembrando ainda que a estratégia se estende às edições Deluxe, que custam mais de R$ 550. “Ou seja, de qualquer forma, elas já vêm mexendo um pouco no preço médio”, conclui.

Evidentemente, a indústria está pressionando pelo aumento dos preços nos videogames. O problema é que os jogadores não estão nada satisfeitos com essas altas e criticam declarações como as feitas por Layden nesta entrevista. Afinal, são eles que decidem onde gastar seu dinheiro, e o setor está cheio de opções para se divertir.

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