Se você carrega seu telefone e outros dispositivos com USB-C, pode estar desperdiçando muito potencial: tudo o que você precisa saber sobre Power Delivery

O USB-C está revolucionando o fornecimento de energia, mas quais cabos realmente fazem sentido e como você usa todo o potencial da tecnologia?

Você tem usado o cabo USB-C corretamente? | Imagem: Game Star Tech
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Igor Gomes

Subeditor

Subeditor do Xataka Brasil. Jornalista há 15 anos, já trabalhou em jornais diários, revistas semanais e podcasts. Quando criança, desmontava os brinquedos para tentar entender como eles funcionavam e nunca conseguia montar de volta.

A introdução do conector USB-C foi nada menos que uma revolução. Finalmente, um conector robusto que podia ser facilmente conectado de qualquer um dos lados, acabando com a incômoda tarefa de usar conectores mini ou micro USB que só se encaixavam em um lado. Mas essa era apenas a menor e, na verdade, a menos importante parte. O USB-C veio com uma visão clara: um conector para tudo – dados, vídeo e energia.

Quando se trata de fornecimento de energia (DP), o cabo não é mais apenas um fio passivo, mas um componente crucial e inteligente. Escolher o cabo errado não só desperdiça energia de carregamento, mas, na pior das hipóteses, corre o risco de comprometer a estabilidade da sua configuração.

O que é USB Power Delivery?

O USB Power Delivery é um protocolo baseado na interface USB-C que permite uma transferência de energia dinâmica e significativamente maior do que os antigos padrões USB-A. Em vez dos escassos 7,5 watts (5 V a 1,5 A) do padrão de carregamento de bateria USB, o USB-C PD pode, teoricamente, fornecer até 240 watts.

A característica especial do PD é a comunicação: o adaptador de energia, o cabo e o dispositivo negociam ativamente a potência máxima de carregamento possível e segura. Essa comunicação garante que um smartphone não seja sobrecarregado com toda a potência de um adaptador de energia para laptop e que um notebook, que consome muita energia, receba exatamente a energia de que precisa. É aqui que o cabo entra em ação.

Para completar, vale ressaltar novamente que USB-C se refere apenas ao conector. Em segundo plano, praticamente qualquer protocolo, de USB 2.0 a Thunderbolt 5, pode ser usado. Só porque um cabo possui um conector USB-C não significa necessariamente que ele suporte PD. Além disso, PD não tem nada a ver com o padrão Quick Charge da Qualcomm.

O chip E-Marker

Para potências acima de 60 watts, o cabo USB-C contém um pequeno microcontrolador, o chamado E-Marker (Chip Marcador Eletrônico). Este chip é essencialmente o cérebro do cabo. Ele armazena suas capacidades específicas e as comunica ao adaptador de energia e ao dispositivo final durante o handshake. As informações transmitidas incluem:

  • Corrente máxima: O cabo pode transportar com segurança 3 amperes ou 5 amperes?
  • Tensão máxima: Para quais níveis de tensão o cabo foi projetado?
  • Taxa de transferência de dados: é um cabo USB 2.0 ou um USB4 rápido?

Se este marcador eletrônico estiver ausente ou fornecer informações incorretas, o sistema PD alterna para o modo básico por motivos de segurança. Nesse caso, uma fonte de alimentação de 100 watts, por exemplo, fornecerá apenas 60 watts porque o cabo não a autorizou para uma corrente mais alta (5 A).

Os padrões e seus níveis de desempenho

O desenvolvimento do Power Delivery levou ao surgimento de diferentes categorias de cabos que você deve conhecer.

  • Até 60 watts : Este é o tipo mais comum e simples de cabo compatível com PD. Ele é projetado para correntes de até 3 amperes. Esses cabos não exigem necessariamente um marcador eletrônico, pois 3 A é o valor padrão que qualquer sistema pode usar sem aprovação explícita. Eles são perfeitos para smartphones, tablets, carregadores portáteis e muitos ultrabooks finos. No entanto, representam um gargalo para dispositivos mais potentes.
  • Até 100 watts (Faixa de Potência Padrão ou SPR) : Para ultrapassar a marca de 100 watts, é necessária uma corrente maior, de 5 amperes. A tensão permanece em 20 volts: 20 V x 5 A = 100 W. Um marcador E é obrigatório para esta operação. Ele deve sinalizar ao sistema que o cabo é certificado para 5 amperes. Esses cabos foram considerados por muito tempo o padrão para alimentar notebooks, docking stations e monitores de alto desempenho. Uma referência a 100 W ou 5 A geralmente é encontrada na embalagem e, muitas vezes, também no plugue.
  • USB PD 3.1 com Extended Power Range (EPR) de até 240 watts : O padrão USB PD 3.1 introduziu o Extended Power Range (EPR), que permite um aumento drástico na potência. Para evitar cabos mais grossos e, portanto, mais pesados, a corrente não foi aumentada. Em vez disso, a tensão máxima aumentou de 20 V para até 48 V. O EPR introduz três níveis de tensão fixos: 28 V, 36 V e 48 V. Para atingir a potência máxima, a corrente permanece em 5 amperes, como mencionado: 48 V * 5 A = 240 W. Com uma saída de 240 W, até mesmo laptops ou estações de trabalho que consomem muita energia agora podem ser alimentados por meio de uma única porta USB-C. Os cabos que suportam esse padrão são mais complexos e devem atender a requisitos mais rigorosos. Eles são claramente marcados como cabos de 240 W ou EPR por um logotipo especial USB-IF (USB Implementers Forum). Eles também exigem um marcador E, é claro.

Desempenho vs. taxa de dados

Um cabo EPR caro de 240 W não significa necessariamente que seja um cabo de dados rápido. A capacidade de transmitir alta potência não tem nada a ver com a velocidade de transferência de dados.

Não é incomum que cabos de carregamento tenham apenas fios USB 2.0 (480 Mbps) internamente. Embora isso seja certamente suficiente para sincronizar músicas, não é ideal para conectar um SSD externo ou um monitor 4K.

Se você deseja alto desempenho e transferência rápida de dados ao mesmo tempo, precisará procurar especificamente cabos que atendam a ambas as especificações. Esses cabos geralmente também são os mais caros.

Conclusão

Os dias em que um cabo era apenas um cabo finalmente acabaram com o USB-C. O protocolo Power Delivery o transformou em um componente ativo que desempenha um papel fundamental no desempenho e na funcionalidade.

Para você isso significa:

  1. Conheça suas necessidades: Verifique a potência nominal do adaptador de energia que você está substituindo pelo Power Delivery. Se você deseja carregar apenas um tablet antigo, não precisa necessariamente de um cabo com potência nominal de 140 W.
  2. Preste atenção à etiqueta: compre apenas cabos claramente identificados com a potência (60 W, 100 W, 240 W) ou a corrente (3 A, 5 A) necessárias. Os logotipos de certificação USB-IF são um bom indicador de qualidade.
  3. Diferencie energia e dados: se você também quiser usar monitores externos ou SSDs rápidos, certifique-se de que o cabo suporte uma alta taxa de dados, além da capacidade de PD.

Comprar barato muitas vezes significa comprar duas vezes, e esse ditado pode se tornar realidade rapidamente, especialmente quando se trata de cabos USB-C. Um investimento inteligente no cabo certo e certificado é fundamental para explorar todo o potencial do ecossistema USB-C com segurança e confiabilidade.

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