Já há um preso por usar os óculos Ray-Ban Meta para gravar sem consentimento: ele filmou centenas de mulheres pelas ruas de Barcelona

As gravações disfarçadas a partir do ponto de vista de quem usa óculos inteligentes já resultaram em um caso de crime contra a intimidade na Espanha

Óculos meta homem preso. Imagem: Ray-Ban, Logan Armstrong en Unsplash
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

Um jovem foi preso em Barcelona depois de gravar, com óculos inteligentes, centenas de mulheres sem que elas percebessem. E o pior: usava essas gravações nos seus cursos de “sedução”, que ele vendia por cerca de R$ 17 mil.

Por que isso é importante?

Esse é o primeiro caso conhecido na Espanha em que os óculos Ray-Ban Meta são usados para cometer crimes contra a intimidade. As vítimas não faziam ideia de que estavam sendo gravadas por uma câmera praticamente invisível, que captava conversas com informações pessoais — que depois eram divulgadas e usadas pra lucrar.

O que aconteceu

O homem abordava turistas estrangeiras em Barcelona, conversava como se fosse algo casual e gravava tudo com os óculos equipados com câmera embutida. E claro, sem avisar ninguém.

Os vídeos eram publicados depois no TikTok e no Instagram como isca para divulgar seus cursos de “técnicas de sedução." Quatro anos atrás, algumas agências de proteção de dados já tinham emitido alertas sobre o uso desse tipo de óculos para gravações sem consentimento.

Em números:

  • 329 vídeos analisados pela polícia.
  • 239 conversas com dados íntimos de mulheres.
  • 700 mil visualizações teve o vídeo da denunciante.
  • O curso completo custava cerca de R$ 17 mil (mais R$ 260 por mês de assinatura).

O problema técnico: as Ray-Ban Meta (que custam cerca de R$ 3.900) emitem uma luz branca ao gravar, mas é fácil esconder isso com alguns truques. A maioria das vítimas nem percebeu que estava sendo filmada, segundo a investigação policial.

Esses óculos inteligentes trazem um dilema de privacidade que a gente ainda não tinha enfrentado direito — apesar de já ter sido previsto há uma década com as Google Glass, que abriram esse caminho. Mas as Ray-Ban Meta são muito mais discretas. Nem se compara com um celular.

Sim, mas olha só: a Meta até que pensou numa segurança — a luz indicadora que avisa quando tá gravando. O problema é quando tem gente mal-intencionada que bota essa luz pra escanteio de propósito, só pra gravar sem consentimento e usar isso de forma errada, seja pra ganhar dinheiro ou simplesmente espalhar o conteúdo.

A Meta está desenvolvendo novas funcionalidades de inteligência artificial para esses óculos, que permitirão a identificação de lugares e pessoas em tempo real. Alguns usuários já conseguiram implementar essas funções por conta própria.

Essa prisão representa possivelmente o primeiro de muitos conflitos futuros entre a tecnologia vestível e a privacidade, um tema que tende a ganhar cada vez mais relevância.

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