A equipe de inteligência em ameaças da Amazon identificou uma campanha cibernética prolongada, conduzida ao longo de cinco anos, por um grupo de hackers vinculado ao Sandworm, uma unidade ligada à agência de inteligência militar russa (GRU). O alvo principal não foram as vulnerabilidades de software tradicionais, mas sim dispositivos de rede de clientes hospedados na infraestrutura da Amazon Web Services (AWS) que estavam mal configurados.
A operação, que ocorreu entre 2021 e 2025, focou em infraestruturas críticas de países ocidentais, com ênfase especial no setor de energia da América do Norte e da Europa. Segundo o diretor de segurança da informação da Amazon, CJ Moses, a campanha representa uma evolução tática significativa no alvo de infraestruturas sensíveis.
A estratégia do "ponto cego" na configuração
Diferente de ataques que dependem de vírus complexos ou falhas de sistema não corrigidas (zero-day), os hackers russos exploraram dispositivos de borda — como roteadores, gateways e aparelhos de rede — que foram deixados expostos por erros de configuração cometidos pelas próprias equipes de TI das empresas.
Essa abordagem permitiu que os atacantes:
- Evitassem detecção: ao usar conexões e credenciais legítimas em dispositivos mal configurados, eles permaneceram abaixo dos limites de detecção dos sistemas de segurança.
- Coletassem credenciais: uma vez dentro da rede, os hackers conseguiram capturar senhas e se mover lateralmente por outros serviços e infraestruturas da organização vítima.
- Acesso persistente: a tática permitiu que a campanha fosse sustentada por anos, já que o foco não era uma falha de software que poderia ser corrigida com um patch, mas sim uma falha de gestão humana da rede.
Um lembrete sobre a segurança na nuvem
A Amazon enfatizou que a própria infraestrutura da AWS não foi invadida; o problema residia no gerenciamento dos dispositivos feito pelos clientes. O incidente serve como um alerta crucial para organizações que dependem de ambientes de nuvem e híbridos: apenas atualizar o sistema não é suficiente.
Especialistas reforçam que a aplicação de padrões rigorosos de configuração é tão vital quanto as correções regulares de software.
Além da ameaça russa, a Amazon também revelou ter identificado tentativas de operações cibernéticas em larga escala por operadores da Coreia do Norte, sublinhando que o cenário de ameaças às infraestruturas conectadas à nuvem está cada vez mais diversificado e sofisticado.
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