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Otto quer romper paradigmas com o Phantom 3500: adeus às janelas para os passageiros, olá para as telas imersivas

A Otto Aviation prepara um jato futurista voltado ao segmento executivo, mas com potencial logístico e militar

Novo avião não terá janelas / Imagem: Otto Aviation
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Uma fuselagem que parece esculpida pelo vento. Nenhuma janela na cabine. E um objetivo claro: revolucionar a aviação privada. O Phantom 3500 não é um avião convencional, e isso salta aos olhos logo de cara. A Otto Aviation vem aperfeiçoando esse design há anos, primeiro com o Celera 500L como modelo de testes e agora com uma aeronave que pretende ir além. No papel, a proposta não é pouca coisa: um avião capaz de superar radicalmente outros jatos executivos comparáveis.

A chave técnica do projeto é o fluxo laminar. A Otto propõe uma abordagem baseada em superfícies perfeitamente aerodinâmicas, projetadas para que o ar se desloque com mais eficiência. Essa otimização aerodinâmica busca reduzir a resistência e melhorar a eficiência em voo. Segundo a empresa, um de seus principais objetivos é reduzir significativamente o consumo de combustível em comparação com jatos semelhantes. Também são usados combustíveis sustentáveis (SAF), com o objetivo de alcançar uma pegada de carbono muito menor.

Sem janelas, mas com vista digital

Os números operacionais projetados pela Otto são ambiciosos. O Phantom 3500 pretende alcançar uma autonomia de até 6.482 km, uma altitude de cruzeiro de 51.000 pés (15.544 m) e um consumo constante de 435 litros por hora. Isso o coloca, no papel, abaixo de modelos como o Bombardier Challenger 350 ou o Citation Latitude, cujos consumos médios giram em torno de 1.135 litros. Parte da vantagem está em sua asa de grande superfície e perfil otimizado, que melhora a sustentação e permite operar em pistas mais curtas do que o habitual.

Por dentro, o modelo também foge do convencional. A cabine dispensa completamente as janelas para passageiros. Em seu lugar, a Otto implementa um sistema chamado “Super Natural Vision”, baseado em telas de alta definição que mostram em tempo real o ambiente externo. O objetivo não é apenas oferecer uma experiência imersiva, mas também ganhar eficiência estrutural: ao eliminar aberturas, a fuselagem é reforçada e o custo de produção é reduzido. No entanto, nem todos verão essa solução com bons olhos: para muitos passageiros, uma parte essencial do charme de voar está em poder olhar pela janela e apreciar a paisagem. Substituir essa experiência por uma imagem projetada pode não ser tão estimulante.

O setor civil não é o único em que a Otto quer deixar sua marca. Em materiais anteriores, a empresa já sugeriu aplicações militares, especialmente em missões logísticas ou operações a partir de pistas remotas. Também colaborou com a agência DARPA em vários projetos.

Paralelamente ao desenvolvimento técnico, a companhia trabalha com a FAA para obter a certificação do avião. Paul Touw, CEO da Otto Aviation, declarou recentemente ao FlightGlobal que o primeiro voo pode ocorrer em 2027, embora a entrada em serviço não seja esperada antes de 2030. Para acelerar os processos e conter os custos, a Otto está integrando ferramentas de simulação desenvolvidas pela Galorath que permitem estimar impactos técnicos e econômicos antes de passar à produção.

Ainda assim, como destacamos acima, o Phantom 3500 não parte do zero. Ele é a evolução direta do Celera 500L, uma plataforma que serviu como demonstração tecnológica. O design foi profundamente reformulado, mas o princípio básico permanece intacto: maximizar a eficiência sem abrir mão de desempenho real. Se conseguir cumprir seus objetivos, a Otto não apenas colocará um novo tipo de avião no ar. Ela poderá inaugurar toda uma nova categoria na aviação executiva.

Imagem | Otto Aviation

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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