Os EUA queriam saber: como a China conseguiu tantos avanços na área dos chips eletrônicos? Huawei e Xiaomi são a resposta

Os EUA dominaram por muito tempo o mercado de semicondutores. No entanto, em poucos anos, Pequim realizou uma recuperação espetacular

Não adiantou colocar embargos para a China: ela passou a desenvolver seus próprios chips / Imagem: JV Tech
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Desde 2019, as sanções impostas por Washington aos gigantes chineses de tecnologia proíbem que a Huawei, entre outras, tenha acesso a componentes avançados de empresas americanas como Qualcomm ou Intel. O objetivo: frear a expansão tecnológica chinesa e preservar uma vantagem estratégica no campo dos semicondutores.

Mas, longe de paralisar o setor, essas restrições aceleraram o investimento da China em sua indústria eletrônica. O governo injetou bilhões de yuans em pesquisa, formação e, sobretudo, na fabricação local de chips, mesmo que tecnicamente sejam menos avançados que os chips gravados em 3 ou 5 nanômetros produzidos em Taiwan ou Coreia.

Huawei e Xiaomi: as pontas de lança

O retorno da Huawei com seu processador próprio Kirin 9000S — integrado ao Mate 60 Pro — surpreendeu, e até preocupou, Washington. Esse sistema em chip, produzido nas fábricas da SMIC, é uma prova concreta de que a China pode fabricar chips avançados localmente, apesar dos embargos. A Xiaomi seguiu o exemplo desenvolvendo seus próprios semicondutores, especialmente para câmeras e gestão de energia.

Embora esses chips ainda não rivalizem completamente com as últimas gerações da Qualcomm ou da Apple, eles marcam uma virada estratégica: o fim da dependência total da China de tecnologias estrangeiras. A indústria também se reorganiza em torno de normas nacionais e arquiteturas alternativas como RISC-V, que são abertas e menos sujeitas ao controle ocidental do que as arquiteturas ARM ou x86.

Essa recuperação se baseia numa estratégia de desenvolvimento em várias frentes: criação de institutos de pesquisa, financiamento massivo das fundições locais como a SMIC, apoio a fabricantes de máquinas de litografia e até incentivo à retroengenharia. Pequim assume que a inovação pode passar pela imitação, para depois melhorar.

Uma preocupação crescente do lado americano

Diante dessa dinâmica, os Estados Unidos temem perder a vantagem competitiva que possuíam. Alguns relatórios já mencionam a possibilidade de que, dentro de uma década, a China seja capaz de produzir seus próprios chips de alta performance sem qualquer dependência do exterior. Uma perspectiva que alteraria o equilíbrio tecnológico mundial.

A China talvez ainda não tenha vencido a guerra dos semicondutores, mas demonstra que um embargo, longe de freá-la, pode se tornar um motor de inovação. Huawei e Xiaomi são os rostos visíveis de uma estratégia nacional de reconquista tecnológica. E desta vez, os Estados Unidos sabem que a resposta é bem real.

Este texto foi traduzido/adaptado do site JV Tech.

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