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Honda está construindo a maior fábrica de motos do mundo; e isso é apenas o começo do contra-ataque do Japão contra a China

Plantas serão centros logísticos e de produção para abastecer regiões como o Sudeste Asiático, a África e a América Latina

Índia vira destino de montadoras japonesas / Imagem: Motorpasión
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Enquanto boa parte do barulho midiático vem sendo feito pelos fabricantes chineses, com modelos cada vez mais agressivos, automatizados e cheios de aerofólios, no Japão está sendo preparada uma resposta silenciosa — mas gigantesca.

Não se trata de uma nova superbike nem de uma moto trail, e sim de algo muito mais básico: fábricas. Honda e Suzuki estão construindo na Índia as duas maiores plantas de motocicletas do mundo. Um golpe de autoridade industrial com o qual as marcas japonesas deixam claro que ainda têm muito a dizer, mesmo diante da potência emergente que é a China.

A Suzuki também vai construir outra planta na Índia

A Honda não está para brincadeira: sua fábrica em Vithalapur será a maior fábrica de motos de todo o planeta. Com uma quarta linha de montagem já em construção e previsão de inauguração em 2027, a capacidade anual alcançará 2,61 milhões de unidades. Estamos falando de fabricar uma moto a cada 12 segundos.

Essa planta, que começou com 600 mil unidades em 2016, vem escalando seus números em um ritmo impressionante. Atualmente, já supera as duas milhões de unidades por ano, e o objetivo é claro: transformar a Índia no epicentro mundial da produção da Honda. A decisão não se baseia apenas no tamanho do mercado local, mas também no papel estratégico do país como plataforma de exportação global. Em 2024, mais de seis milhões de motos foram montadas por lá — a Honda já ultrapassou a marca de 70 milhões de unidades produzidas em solo indiano.

E a Honda não está sozinha; a Suzuki também não fica para trás. Recentemente, a empresa confirmou a construção de uma nova fábrica em Kharkhoda (Haryana), também na Índia, com um investimento de 137 milhões de dólares. Quando estiver em operação, em 2027, essa unidade adicionará mais 750 mil unidades anuais à sua capacidade.

A Suzuki não faz alarde. Não apresenta protótipos espetaculares nem busca liderar rankings de cavalos por litro. Mas sua estratégia é tão clara quanto eficaz: dominar o segmento de scooters, motos utilitárias e de pequena cilindrada — justamente onde estão os volumes realmente grandes.

Fábrica

Ambas as fábricas, tanto a da Honda quanto a da Suzuki, miram além do mercado indiano. Na verdade, essa nem é a principal leitura. A ideia é que elas se tornem centros logísticos e de produção para abastecer regiões como o Sudeste Asiático, a África e a América Latina.

Diante do avanço chinês, que conseguiu colocar suas motos nos quatro cantos do planeta com uma combinação de preços agressivos e designs ambiciosos, as japonesas estão apostando no longo prazo. E fazem isso com a força tranquila de quem já esteve lá antes. A mensagem é clara: as motos japonesas não vão se deixar encurralar. Elas não precisam gritar para serem notadas.

Imagens | Honda

Este texto foi traduzido/adaptado do site Motorpasión.

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