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Estamos em 2025 e o metrô de Madrid ainda soa como se estivéssemos em 1955

O barulho no metrô de Madrid continua alto, e só piora. Algumas soluções ajudam a reduzir o som, mas os túneis acabam amplificando o problema.

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Sofia Bedeschi

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Sofia Bedeschi

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

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Milhões de pessoas em Madrid encaram todos os dias um chiado ensurdecedor no metrô. Um transporte cheio de vantagens, mas com essa grande falha. A cidade já se acostumou a algo quase insuportável, mas fica a dúvida: por que ele faz tanto barulho?

O culpado é o atrito das rodas

Como explicou ao El País Soledad Torres Guijarro, professora da Universidade de Vigo, o barulho do metrô vem da rugosidade tanto das rodas quanto dos trilhos. O problema é estudado há mais de 50 anos e afeta tanto o metrô quanto os trens comuns. Até as travessas que ligam os trilhos podem vibrar e se transformar em pequenas “caixas de som” para o ruído.

E os túneis só pioram tudo

Diferente dos trens que circulam ao ar livre, o metrô passa por espaços fechados e extremamente reverberantes, que amplificam cada vibração. Um estudo da Cecor, de maio de 2022, apontou que apenas uma pequena parte dos passageiros está exposta a níveis acima do limite oficial, mas o incômodo é sentido por todos.

Este mapa mostra os níveis de ruído em uma das áreas cobertas pela Linha 5 do Metrô em 2022. Fonte: Comunidade de Madri / Cecor. Este mapa mostra os níveis de ruído em uma das áreas cobertas pela Linha 5 do Metrô em 2022. Fonte: Comunidade de Madri / Cecor.

O barulho piora nas curvas

O atrito entre rodas e trilhos fica mais intenso em curvas fechadas, causando aquele “uivo” característico, resultado do deslizamento lateral das rodas sobre o trilho. Outros sons também se somam a esse incômodo: a separação entre os trilhos —necessária para a dilatação do metal— é a responsável pelo famoso “clic-clac” a cada vagão que passa.

Algumas melhorias ajudaram a reduzir o problema

A troca dos antigos freios de sapata pelos freios a disco diminuiu bastante o barulho, já que os primeiros pressionavam diretamente a roda, enquanto os de disco atuam sem contato com a superfície de rolamento. Outra medida foi a adoção de rodas menores, pois superfícies vibrantes menores geram menos som. Ainda assim, como destaca Torres, a rugosidade entre rodas e trilhos sempre vai existir.

Outras soluções já foram testadas em diferentes metrôs pelo mundo. Em Nova York, por exemplo, modificaram a forma como os trilhos são fixados ao solo, usando travessas de concreto revestidas de borracha para reduzir a vibração.

Também instalaram painéis que absorvem o som no teto e nas paredes das estações, além de barreiras acústicas próximas às vias, como as aplicadas no metrô de Vizcaya.

A OMS também tem recomendações específicas para o ruído dos trens. Segundo um documento atualizado em 2022, o nível ideal deveria ficar abaixo de 54 decibéis (44 dB à noite). Para tentar alcançar essa meta, especialistas sugerem procedimentos de retificação dos trilhos para eliminar deformações e corrosão. Ainda assim, um estudo realizado no metrô de Hong Kong em 2019 mostrou uma média de 74,1 dB, com picos que chegavam a 100,9 dB.

E na Espanha, quais são os limites?

A legislação nacional sobre ruído ambiental é definida pela Lei 37/2003, de 17 de novembro, e por diversos Reais Decretos, incluindo o 1367/2007 (atualizado em 2012), que elevou em 5 dB os limites estabelecidos anteriormente – ou seja, o barulho não diminuiu, só aumentou no papel.

No caso específico de áreas residenciais, o decreto fixa o limite em 65 dBA durante o dia e 55 dBA à noite. Para zonas de uso sanitário ou escolar, o máximo é de 60 dBA (50 à noite), enquanto em áreas industriais chega a 75 dBA (65 à noite).

Esses valores seguem a diretriz europeia 2002/49/CE e são próximos às recomendações da OMS, embora, na prática, o metrô muitas vezes ultrapasse esses números.

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