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Um monstro nos céus: o plano audacioso (e quase impossível) de criar o maior avião de todos sem nunca ter feito um antes

Avião gigantesco servirá para transportar peças enormes de turbinas elétricas, proporcionando a expansão do setor de energia eólica

Radia quer criar o Windrunner, avião cargueiro capaz de transportar turbinas eólicas | Imagem: Divulgação
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Uma empresa americana quer revolucionar o setor da aviação construindo o maior avião do mundo, sem jamais ter fabricado uma aeronave. Batizado de WindRunner, o projeto é liderado pela Radia, uma empresa que não tem origem na aviação, mas aposta em um plano ousado: criar um avião cargueiro gigante capaz de transportar peças enormes de turbinas eólicas. A proposta surge em meio a uma indústria pressionada por desafios econômicos, operacionais e, sobretudo, ambientais,  já que as aeronaves contribuem de forma significativa para emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e, consequentemente, para o aquecimento global. Apesar dos riscos e da inexperiência no setor, a Radia acredita que o WindRunner pode abrir novos caminhos para a expansão da energia eólica.

WindRunner está sendo construído por empresa de energia eólica

A Radia, startup americana sediada em Boulder, no Colorado, Estados Unidos, é uma empresa de energia eólica que surgiu com um plano bem ousado: construir o maior avião do mundo. A empresa, formada em 2016 pelo empreendedor, cientista e engenheiro espacial Mark Lundstrom, tem como objetivo expandir a indústria da energia eólica com  a construção do avião. Para isso, o empresário reuniu uma equipe com experiência no assunto e apresentou o projeto no Farnborough International Airshow, em 2024, um dos principais eventos do mundo para a indústria aeroespacial.

A ideia foi o maior sucesso na exposição, mas ainda há muitos desafios até que o avião alcance voo. Dentre eles, a falta de experiência da empresa na área de construção de aeronaves, já que a Radia é uma empresa especializada no ramo da energia elétrica, e não na construção de aviões. Mesmo que a empresa não tenha essa experiência, os funcionários e consultores da empresa incluem executivos da Administração Federal de Aviação, da Boeing, de serviços públicos e de desenvolvedores de energia renovável. Contudo, a equipe está com dificuldades para encontrar o fornecedor de um motor tão grande, o que levanta questões sobre a viabilidade do projeto.

Avião é do tamanho de um campo de futebol

Aviões tradicionais, como os de voos comerciais, já são bem grandes. Mas o tamanho desses aviões nem se compara com a estrutura do WindRunner. A maior aeronave do mundo foi projetada para ter um comprimento de 108 metros, altura de 24 metros e envergadura de 80 metros, além de uma capacidade de carga de 80 toneladas. Para se ter uma ideia, a aeronave consegue ser maior do que um campo de futebol. Ela é capaz de pousar em pistas não pavimentadas, mas será necessário uma pista de aproximadamente 1.800 metros de comprimento para pousá-lo. Além disso, o WindRunner só será capaz de viajar distâncias de até 2.000 quilômetros, restringindo seu vôo para dentro da América do Norte, da Europa ou da América do Sul.

Maior avião do mundo vai permitir a expansão da energia eólica

Você provavelmente deve estar se perguntando: mas o que o maior avião do mundo tem a ver com a expansão da energia eólica? Tudo! O maior obstáculo enfrentado por esse setor é a logística de transporte dos equipamentos para construções das usinas eólicas. Acontece que o transporte de grandes pás de turbinas é fundamental para a construção de   parques eólicos com maior alcance, já que o tamanho das pás torna as turbinas mais potentes e eficientes.

O grande problema é que essas pás de grandes proporções, que podem ter até 100 metros, são muito difíceis de serem transportadas, tanto por terra, quanto no ar. Afinal, as hélices são muito grandes e não cabem em qualquer avião. Hoje, as pás de grande proporções, como as de 70 metros, estão instaladas em alto mar, justamente devido às restrições de infraestrutura que limitam e impedem o transporte por via terrestre dessas peças. Com o WindRunner, porém, a esperança é que turbinas maiores e, portanto, mais eficientes, consigam ser transportadas para outras regiões.

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