A Airbus tem, até o momento, o maior avião de passageiros do mundo: o Airbus A380. Esse gigante é capaz de transportar, em condições muito específicas, até 853 passageiros. Na verdade, apenas o Antonov An-225 chegava perto, mas ele nunca foi produzido em série e atualmente não existe mais, pois foi destruído durante a guerra na Ucrânia. O A380 é, em resumo, um avião de passageiros gigantesco e muito importante para certas companhias aéreas — mas tem um problema: não para de apresentar falhas.
Para termos uma ideia de sua complexidade, o Airbus A380 é feito de quatro milhões de componentes individuais, fabricados por 1.500 empresas espalhadas por 30 países. Dentro da fuselagem, há 19 mil parafusos que unem as três partes principais, além de outros 4 mil parafusos que unem as duas asas. Ele possui 220 janelas, 16 portas e só a pintura externa pesa 531 quilos — não é pouca coisa.

O problema: ele não para de quebrar. Segundo informações da Bloomberg, desde 2020 (o avião voou pela primeira vez em 2005), a Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (European Union Aviation Safety Agency) emitiu 95 diretrizes de aeronavegabilidade para o Airbus A380 — o dobro das recebidas pelos modelos equivalentes da Boeing: 787, 777 e 747. Entre os problemas citados estão quebras no eixo do trem de pouso, juntas rachadas e vazamentos nas rampas de evacuação. Alguns desses problemas têm origem no tempo que esses aviões passaram em solo durante a pandemia.
Essas diretrizes são, em poucas palavras, correções, inspeções ou modificações que devem ser feitas em uma aeronave ou em um componente para resolver possíveis problemas de segurança. Seu cumprimento é obrigatório e não segui-las não só pode colocar em risco a segurança dos passageiros, como também resultar em sanções ou na desativação do avião.

Manter ou... manter
O Airbus A380 tem 20 anos de idade. Em geral, os aviões costumam ser aposentados entre 25 e 30 anos de uso. O que isso significa? Que o Airbus A380 é jovem demais para ser retirado de operação e velho demais para ser mantido com facilidade ao mesmo tempo. O problema central é que não há alternativa:
- O Airbus A380 deixou de ser produzido em 2021, então as companhias aéreas que precisam de um avião de grande capacidade para rotas longas devem procurar outra opção.
- A Airbus não consegue produzir os A350 (o maior avião do catálogo da fabricante depois do A380) com rapidez suficiente para atender à demanda. A cadeia de suprimentos, especialmente no que diz respeito a cabines e motores, continua enfrentando problemas decorrentes da pandemia.
- O Boeing 777X, a proposta da Boeing, não para de apresentar problemas. O avião deveria ser entregue aos clientes em 2020, mas sofreu tantos atrasos que as primeiras entregas só são esperadas, no mínimo, para 2026.

Um poço sem fundo
As companhias aéreas, portanto, estão lidando com aviões cujo custo de manutenção só tende a aumentar. Inspecionar essas aeronaves não apenas consome uma quantidade absurda de tempo (60 mil horas distribuídas entre todos os trabalhadores, de acordo com a Bloomberg), como também exige muito espaço em instalações que estão longe de ser abundantes. Quando um avião como esse apresenta falhas, o custo é alto: não se trata apenas de consertá-lo, mas também de atrasar voos, realocar passageiros etc. Tudo isso pesa.
Seja como for, a Airbus pretende continuar operando o modelo e oferecendo suporte: “A Airbus está comprometida em fornecer assistência técnica completa aos clientes para garantir que possam otimizar as operações com suas frotas de A380 — e isso continuará enquanto o avião estiver em serviço”, afirma a empresa.
A Emirates é, de longe, a companhia aérea que mais possui Airbus A380: são 116 aeronaves, das quais 21 estão em solo. A empresa pretende continuar utilizando esses aviões pelo menos até o final da próxima década — afinal, o investimento foi alto e poucos aviões conseguem transportar tantos passageiros de uma só vez. Bem atrás vêm a Singapore Airlines e a British Airways, com 12 unidades cada uma. Outras operadoras, como a Qantas, Lufthansa e Qatar Airways, também possuem algumas unidades, mas planejam substituí-las por A350 no início da próxima década.
Imagem | N509FZ com licença CC BY-SA 4.0
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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