Sua alma gêmea é uma mentira? Filósofo defende que monogamia foi desenhada para manter você produtivo (e não feliz)

Darío Sztajnszrajber, filósofo argentino, desconstrói a ideia de amor romântico e analisa monogamia, casamento e desilusões afetivas

Idosos se abraçando. Créditos: Halfpoint Images/ Getty Images
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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O filósofo argentino Darío Sztajnszrajber lançou um livro em 2023 que  traz uma provocação polêmica sobre o que entendemos como amor. Em entrevista à BBC, ele defende que a ideia tradicional de “amor romântico”, aquela centrada na busca pelo parceiro ideal, pelo casamento e monogamia, está muito mais ligada a questões sociais e econômicas do que a sentimentos. Para ele, o amor é impossível de ser plenamente realizado, e justamente por isso continua existindo.

Livro de Darío Sztajnszrajber questiona “mito’ do amor romântico

Desde cedo, somos ensinados a acreditar que o amor verdadeiro só pode ser vivido ao lado de uma única pessoa, uma ideia reforçada por histórias de família, tradições e até pelos romances exibidos em filmes e séries. Para o filósofo Dário Sztajnszrajber, que cresceu em um lar onde pai e uma mãe viveram juntos a vida toda, essa concepção também o acompanhava. No entanto, durante a pandemia, ao ministrar cursos online sobre filosofia do amor, as concepções sobre o amor passaram a ser questionadas por Dário.

O resultado dessas reflexões virou o livro “O amor é impossível”, onde ele desconstrói o ideal romântico herdado da tradição. No livro, o filósofo questiona os ideais românticos que moldaram a cultura durante todos esses anos. Ele argumenta que a ideia de uma “metade da laranja” ou de um amor único e eterno não é apenas irreal, como também gera frustrações e pressões sociais.

Casamento e monogamia nasceram de interesses políticos e econômicos, diz filósofo

Um outro ponto abordado no livro de Dário é a monogamia. Segundo ele, esse modelo de relacionamento não nasceu de uma lógica afetiva, mas de interesses políticos e econômicos. Diante dessa concepção, o casamento funciona como uma espécie de dispositivo que organiza a sociedade e até garante produtividade. Ele defendeu que a monogamia não é uma escolha natural, mas algo construído historicamente. Além disso, Dário ainda traz um questionamento sobre a relação entre amor e trabalho, dizendo que, se as pessoas vivessem apaixonadas o tempo todo, ninguém teria energia para trabalhar

Fim dos relacionamentos pode ser visto como aprendizado, não como fracasso

O fim dos relacionamentos também foi um ponto abordado por Dário. Para aqueles que encaram o parceiro amoroso como a posse, a separação pode parecer uma perda irreparável e dolorida. Mas, para Dário, o desamor pode ser entendido de outra forma: não como perda, mas como o fim de história que já cumpriu seu papel e durou o tempo que deveria ter durado. Além disso, Dário também defende que a dor do término é parte da experiência amorosa, e que aceitar isso é um passo importante para lidar com as relações de maneira mais livre.

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