Projeto Mercúrio: a pesquisa ultra secreta que o bilionário e CEO da Meta Mark Zuckerberg quis esconder do mundo

Acusações apontam graves danos à saúde mental

Redes sociais | Fonte: Getty Images
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Vika Rosa

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Vika Rosa

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, cobrindo os mais diversos temas. Apaixonada por ciência, tecnologia e games.


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Documentos judiciais revelados recentemente nos Estados Unidos apontam que a Meta encerrou pesquisas internas ao identificar evidências de que Facebook e Instagram impactam negativamente a saúde mental dos usuários, segundo o Reuters. Conforme os registros apresentados em ações judiciais, a empresa teria interrompido o chamado “Project Mercury”, um estudo conduzido em 2020 em parceria com a Nielsen.

De acordo com os documentos, os pesquisadores descobriram que pessoas que desativaram o Facebook por uma semana relataram menores níveis de depressão, ansiedade, solidão e comparação social. Apesar disso, a Meta não publicou os resultados e cancelou as pesquisas adicionais. Internamente, a companhia teria atribuído as conclusões negativas à “narrativa midiática existente” sobre a empresa, embora comunicações internas tenham indicado que funcionários consideravam os achados válidos. Um deles chegou a comparar o silêncio da empresa ao comportamento da indústria do tabaco ao esconder os riscos dos cigarros.

Empresa é acusada

As acusações fazem parte de processos movidos por distritos escolares, pais, crianças e procuradores-gerais estaduais, representados pelo escritório Motley Rice, em um litígio que também envolve Google, TikTok e Snapchat. Os autores alegam que essas empresas ocultaram intencionalmente riscos conhecidos de usuários, responsáveis e educadores.

Os documentos não lacrados também incluem depoimentos de funcionários e ex-executivos da Meta. Um deles afirma que a empresa tinha, à época, uma política que permitia até 17 infrações relacionadas a prostituição e solicitação sexual antes que uma conta fosse suspensa — número considerado “muito, muito alto”. 

Outras alegações apontam que a companhia teria projetado recursos de segurança para jovens de forma ineficaz, reconhecido que otimizar produtos para engajamento adolescente aumentava a exposição a conteúdo prejudicial e adiado iniciativas para impedir que predadores infantis contatassem menores.

Há ainda menção a uma mensagem de texto de 2021 em que Mark Zuckerberg teria dito que a segurança infantil não era sua principal preocupação, pois estaria “mais focado” em outras áreas, como o desenvolvimento do metaverso.

Meta se defende

Apesar dos documentos indicarem que o estudo interno mostrava um impacto causal dos produtos da Meta na saúde mental, os processos afirmam que a empresa disse ao Congresso norte-americano que não podia quantificar se suas plataformas prejudicavam garotas adolescentes.

A Meta, por sua vez, contesta as alegações. O porta-voz Andy Stone afirmou que o estudo do Projeto Mercury foi interrompido devido a falhas metodológicas e disse que o processo “deturpa” os esforços da empresa. Ele declarou que, por mais de uma década, a Meta “ouviu os pais, pesquisou questões importantes e implementou mudanças reais para proteger adolescentes”, classificando o trabalho de segurança como “amplamente eficaz”. Stone também afirmou que a política atual remove imediatamente contas sinalizadas por tráfico sexual.

A empresa ainda se opõe à divulgação completa dos documentos internos, argumentando que o pedido para torná-los públicos é amplo demais. Uma audiência sobre o caso está marcada para 26 de janeiro, no Tribunal Distrital do Norte da Califórnia

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