Os bebês que chegam ao mundo antes da hora enfrentam um começo de vida difícil. Muitos nascem pequenos demais, com órgãos ainda em desenvolvimento e um corpo que precisa aprender, rapidamente, a respirar, se aquecer e ganhar peso. Esse processo exige cuidados tão delicados quanto eles, e qualquer técnica que ajude esses recém-nascidos a se desenvolver melhor pode fazer diferença.
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), publicado no Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria, reforça exatamente essa busca por métodos que tornem a evolução desses bebês mais segura. Realizada na Santa Casa de Misericórdia de Sobral, a pesquisa avaliou uma prática comum em algumas maternidades do Nordeste: colocar bebês prematuros para descansar em pequenas redes dentro da incubadora.
O estudo analisou 60 recém-nascidos entre julho de 2022 e outubro de 2023, comparando diferentes formas de cuidado. Os resultados mostraram que o posicionamento em rede ajudou esses bebês a ganhar peso mais rapidamente, um dos fatores decisivos para a sobrevivência nessa fase tão frágil.
Bebês que nascem antes do tempo correm risco de vida
Bebês prematuros e com baixo peso enfrentam uma série de desafios que colocam sua vida em risco após o nascimento. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o risco de morte pode ser até dez vezes maior para recém-nascidos que pesam menos de 2.000 gramas ao nascer, quando comparados aos que chegam ao mundo com mais de 2.500 g. Isso acontece porque esses recém-nascidos têm pulmões imaturos, dificuldade para manter a própria temperatura, sistema imunológico pouco desenvolvido e tendência maior a infecções.
Para ajudar esses bebês a se desenvolver e crescer com segurança, os médicos precisam garantir que eles gastem o mínimo possível de energia com estresse e desconforto, e que consigam dormir bem. O sono adequado, nessa fase, está diretamente ligado ao ganho de peso e ao desenvolvimento do cérebro e do corpo, e é exatamente aí que as redes podem ajudar esses mini pacientes.
Como as redes ajudam bebês prematuros?
Infelizmente, os bebês prematuros são uma realidade comum na medicina. Por isso, ao longo dos anos, foram desenvolvidas diversas técnicas e recursos para ajudar esses recém-nascidos a se estabilizar, como monitoramento constante, oxigenoterapia, controle rigoroso de temperatura e o uso de berços aquecidos.
Mas as redes agem de uma forma diferente, funcionando como uma espécie de abraço: o formato côncavo acomoda o bebê e cria uma sensação de contenção que lembra o ambiente do útero materno. Esse tipo de apoio reduz o desconforto físico, diminui o estresse e facilita que o bebê entre em sono profundo, algo fundamental para que o corpo dele se desenvolva.
A escolha pelas clássicas redes de algodão também tem um papel importante, já que o material mantém o calor por mais tempo e evita que o bebê perca energia tentando equilibrar a própria temperatura. Além disso, ao ficar levemente suspenso, o recém-nascido sente menos pressão do tecido contra o corpo, o que reduz dores e incômodos.
Nos testes clínicos, o grupo de prematuros colocado diariamente na rede apresentou ganhos de peso mais consistentes do que aqueles que seguiram apenas os cuidados padrão. A técnica, porém, só é considerada segura quando aplicada por profissionais em ambiente hospitalar, com monitoramento constante, justamente para evitar riscos de queda ou sufocação.
Hidroterapia reforça os benefícios da técnica de posicionamento em rede
A hidroterapia traz uma sensação relaxante ao bebê, como se ele estivesse no útero da mãe. Créditos: Agência UFC
Além do uso de redes, o estudo também testou uma outra estratégia para o desenvolvimento de bebês prematuros: a hidroterapia, um tratamento terapêutico que usa a água para ajudar na reabilitação. Nesse tratamento, o bebê foi colocado em água morna por alguns minutos, enrolado em uma toalha para trazer a sensação de sustentação e conforto. O objetivo era simular a leveza e o acolhimento do ambiente intrauterino.
Após o tratamento, os pesquisadores repararam que a hidroterapia, apesar de causar um relaxamento por si só, mostrou resultados ainda mais significativos quando combinada à rede. Essa mistura de técnicas diminuiu ainda mais o estresse e aumentou o tempo de sono reparador do bebê, fatores que influenciam diretamente no ganho de peso. No grupo que recebeu as duas intervenções, os bebês cresceram mais rapidamente do que nos demais.
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