Pix do Brics: o que é, como funciona e eu vou poder usar pra comprar "brusinha"?

Iniciativa busca facilitar transações internacionais entre países emergentes do bloco, mas desperta reação dos EUA ao ameaçar domínio da moeda americana

Transação realizada entre celular e máquina
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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O BRICS, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros países emergentes, está desenvolvendo a criação de um sistema próprio de pagamentos instantâneos, chamado de BRICS Pay, como se fosse um “pix do Brics”. A iniciativa, ainda em fase de testes, tem por objetivo facilitar transferências internacionais entre os países do bloco, reduzir custos e oferecer mais segurança nas transações.

Apesar de ainda não ser um projeto oficial, a proposta já está chamando atenção de outros países. Ao criar uma alternativa que diminui a dependência do dólar, o BRICS incomoda diretamente os Estados Unidos e virou alvo de críticas do presidente Donald Trump.

O que é o pix do BRICS?

O BRICS Pay é uma plataforma de pagamentos criada para permitir transferências rápidas, seguras e mais baratas entre os países do bloco. A proposta surgiu da Rússia, mas vem sendo discutida no Conselho Empresarial dos BRICS, onde cada país apresenta ideias para aproximar os sistemas financeiros.

Apesar de ser chamado de “Pix global”, o projeto não é uma moeda única e nem substitui os sistemas já existentes, como o pix brasileiro. Na verdade, o BRICS Pay é uma ferramenta complementar, pensada para aumentar a eficiência nas transações entre os 11 países que hoje fazem parte do grupo, entre eles Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos, que ingressaram em 2024.

Por enquanto, não há consenso oficial entre os governos. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que representa o Brasil, afirmou em nota que o tema segue em nível “exploratório” e depende de diálogo com reguladores nacionais, como o Banco Central.

Como o pix do BRICS funciona?

O BRICS Pay ainda está em fase de testes, mas o lançamento da novidade está previsto para o final de setembro de 2025. Em entrevista para a revista EXAME, Andrey Mikhaylishin, membro da força-tarefa de pagamentos e fintechs do grupo, disse que já existem testes-piloto em andamento com parceiros-chave.

Mas, na prática, como funciona o pix do BRICS? O sistema utiliza o Decentralized Cross-border Messaging System (DCMS), uma tecnologia descentralizada inspirada no blockchain. Diferente do modelo centralizado do SWIFT, esse formato distribui a validação das mensagens financeiras em vários pontos da rede, o que aumenta a segurança e reduz custos.

Outra novidade seria a interoperabilidade com o Pix brasileiro. A ideia é criar um “gateway” que permita, por exemplo, que um turista pague um restaurante em São Paulo usando a carteira digital do seu país, ou que um brasileiro faça compras no exterior apenas escaneando um QR code.

Entenda por que o pix do BRICS é uma ameaça ao governo Trump

A criação do BRICS Pay está dando o que falar nos Estados Unidos. Para os países pertencentes ao bloco, o BRICS Pay significa eficiência e economia, mas para os Estados Unidos, representa menos dólar em circulação internacional. Isso porque a plataforma permitiria que países do bloco realizem transações diretamente entre si, o que, consequentemente, reduziria a dependência da moeda norte-americana.

O presidente Donald Trump classificou o BRICS como um “grupo antiamericano”, afirmando que qualquer iniciativa que reduza o uso do dólar enfraquece os EUA, representando uma ameaça ao país. Vale lembrar que, recentemente, o presidente norte-americano impôs tarifas de 10% sobre as importações brasileiras e determinou uma investigação sobre o Pix, acusando o sistema de discriminação contra empresas norte-americanas. As medidas reforçam a estratégia do governo Trump de reagir sempre que percebe risco à posição dominante da moeda americana.

Ou seja, na prática, o debate sobre o BRICS Pay vai muito além de uma inovação econômica. Ele está no centro de uma disputa geopolítica que coloca de um lado as economias emergentes, buscando maior autonomia, e de outro os Estados Unidos, tentando preservar a força do dólar como moeda global.

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