Com a relação entre Brasil e Estados Unidos cada vez mais tensa, um novo alvo entrou em cena: o PIX. Na terça-feira (15/07), o governo norte-americano anunciou oficialmente a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil, alegando possíveis irregularidades com o PIX, um sistema brasileiro de pagamento instantâneo que transformou as transferências de dinheiro no país. A medida, comunicada pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA, acontece dias após o presidente Donald Trump publicar uma carta ameaçando impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, citando motivos ideológicos e comerciais.
Brasil está na mira dos Estados Unidos
O PIX virou alvo das críticas feitas pelos Estados Unidos ao Brasil, mesmo que de forma indireta. No documento que embasa a investigação comercial aberta pelo governo norte-americano com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) afirmou que o Brasil "parece se engajar em uma série de práticas desleais com relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a favorecer seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo". Ou seja, o texto acusa o Brasil de adotar políticas desleais em relação a serviços de pagamento eletrônico, favorecendo sistemas próprios, o que acredita-se ser uma referência direta ao PIX.
PIX já havia sido criticado anteriormente pelo governo americano
O PIX, criado pelo Banco Central em 2020, já esteve envolvido em polêmicas com os norte-americanos na época em que surgiu no Brasil. Um dos principais incômodos dos Estados Unidos, especialmente da empresa Meta, dona do WhatsApp e aliada política do presidente Donald Trump, foi a decisão das autoridades brasileiras de barrar o lançamento do WhatsApp Pay no país, ainda em 2020.
Na época, o serviço permitiria que usuários enviassem e recebessem dinheiro diretamente pelo aplicativo de mensagens, o que seria uma inovação no mercado. No entanto, o Banco Central suspendeu a operação, alegando preocupação com a concorrência e com a estabilidade do sistema financeiro. A medida foi vista como uma forma de proteger a plataforma do PIX, que ainda tentava se firmar no mercado.
A liberação do WhatsApp Pay, portanto, só aconteceu meses depois, em 2021, quando a plataforma já havia se popularizado entre os brasileiros. Para as empresas americanas, essa ‘vantagem’ dada ao sistema nacional representou uma barreira à concorrência, uma reclamação que foi citada no documento oficial publicado pelo governo dos EUA, acusando o Brasil de favorecer o sistema de transferências nacional. Especialistas apontam que esse histórico pode estar entre os principais motivos da nova ofensiva comercial americana contra o Brasil.
Ataque ao PIX tem relação com o WhatsApp?
Ao que tudo indica, o ataque ao PIX pode sim ter uma relação com o WhatsApp, mesmo que de forma indireta. A investigação dos Estados Unidos cita práticas desleais no setor de pagamentos eletrônicos e, embora não mencione o PIX diretamente, especialistas apontam que é ele o alvo. O desconforto vem desde 2020, quando o Banco Central suspendeu o lançamento do WhatsApp Pay no Brasil, o que foi visto de forma negativa pelos norte-americanos.
Agora, esse desconcertamento por parte dos americanos em relação ao PIX ressurge em um cenário diferente. A ofensiva dos Estados Unidos contra o Pix parecem estar mais ligados a interesses comerciais e políticos, como o incômodo das big techs (como a Meta) e das empresas de cartões de crédito americanas (como Visa e Mastercard), que perderam espaço no mercado brasileiro, do que a problemas reais no funcionamento do sistema.
Em resposta às críticas dos Estados Unidos, o governo brasileiro reagiu com ironia nas redes sociais. Em tom bem humorado, o post defende o PIX como um sistema “Seguro, Sigiloso e Sem taxas” e manda um recado direto: “Nada de mexer com o que tá funcionando, ok?”.
Ver 0 Comentários