“Nova China”? Nem pensar! A Índia é uma potência econômica e geopolítica, mas sua estratégia de crescimento é diferente

O verdadeiro motor de seu crescimento é a política de incentivos ligados à produção do governo

Produção da Índia cresce, principalmente na área de eletrônicos / Imagem: Xataka Espanha
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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A Índia está em ascensão. Este país asiático, o mais populoso do planeta, possui uma capacidade econômica e uma relevância geopolítica muito importantes. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), sua economia é uma das que mais crescem no mundo, com uma previsão de expansão de 6,2% em 2025 e 6,3% em 2026. Outras grandes economias, como os EUA e a China, estão revendo para baixo suas previsões de crescimento para 2025 e 2026, mas a Índia não. Avança dia após dia como uma verdadeira potência imparável.

Um dos pilares que sustentam seu crescimento econômico é o consumo doméstico. Cerca de 31% da sua população, que atualmente está próxima de 1,464 bilhão de pessoas, possui um nível médio de renda, percentual que aumentará para 38% em 2031, segundo as previsões do governo indiano. Se essa tendência persistir, a classe média na Índia reunirá nada menos que 1 bilhão de pessoas em 2047. No entanto, o verdadeiro motor do crescimento do país — e a razão pela qual a classe média está se expandindo — é a política de incentivos públicos ligados à produção.

Essa estratégia busca desenvolver e modernizar as capacidades de manufatura da Índia, bem como impulsionar as exportações. E está funcionando. Desde que o governo lançou o plano, em março de 2020, ele já gerou 1,15 milhão de postos de trabalho. Além disso, teve um impacto muito positivo nos seguintes setores-chave: eletrônicos, carros elétricos, sistemas embarcados e de automação industrial, produtos farmacêuticos e biotecnológicos, drones, centros de dados e produtos químicos. É neles que reside a força deste país.

A Índia quer se tornar a nova Taiwan na indústria de semicondutores

Um dos setores que mais tem trazido bons resultados para a Índia nos últimos anos é o de fabricação de produtos eletrônicos. Em 2024, ele faturou 115 bilhões de dólares e o governo prevê que esse valor triplicará até 2027. Esse enorme impulso é sustentado principalmente pelo programa Semicon India, que busca desenvolver de forma drástica a relevância da Índia na indústria de fabricação de circuitos integrados. Para isso, o plano tem como principal objetivo atrair investimento estrangeiro — e, nos últimos anos, isso tem acontecido com grande fluidez.

Apple, Amazon, Google e Microsoft são algumas das grandes empresas de tecnologia que já estão presentes na Índia. E a AMD e a Foxconn também estarão em breve. É evidente que o país está apostando alto e, segundo o DigiTimes Asia, está se preparando para se tornar um ator muito relevante na indústria de semicondutores — em um cenário que, a médio ou longo prazo, pode desfavorecer Taiwan. Segundo a consultoria Deloitte, o mercado de circuitos integrados da Índia ultrapassará os 55 bilhões de dólares em 2026 e, para isso, o governo pretende atrair o maior número possível de fabricantes de chips.

A empresa estadunidense Micron Technology, especializada principalmente na fabricação de chips de memória, terá um papel muito importante no futuro da indústria de semicondutores da Índia. E isso porque colocou em operação uma planta de ponta na cidade de Sanand, localizada no estado de Gujarat. Ainda assim, segundo Eric Chen, analista e pesquisador da indústria de circuitos integrados, a Índia levará cerca de uma década para alcançar a produção em massa de chips de 28 nm. Esse é o objetivo de médio prazo. Seu principal desafio é colocar em funcionamento, com agilidade, as fábricas necessárias para atingir essa meta — e uma fábrica de chips de última geração leva pelo menos quatro anos para estar plenamente operacional.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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