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Nem mestrado, nem Nasa: nova "astronauta brasileira" não tem vínculo com agência espacial dos EUA

Laysa Peixoto afirma ter vínculos com a Nasa, mas agência nega | Imagem: Instagram
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Igor Gomes

Subeditor

Subeditor do Xataka Brasil. Jornalista há 15 anos, já trabalhou em jornais diários, revistas semanais e podcasts. Quando criança, desmontava os brinquedos para tentar entender como eles funcionavam e nunca conseguia montar de volta.

Na última semana, uma nova astronauta brasileira chamou atenção na internet. Laysa Peixoto, uma mineira de Contagem de 22 anos, postou no instagram que estava na nova turma de treinamento para ser astronauta na Nasa, e que faria o primeiro voo em 2023 pela empresa Titans Space. Mas parece que não é bem assim. Laysa afirmava que era mestranda em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais e que já havia concluído o treinamento para astronautas da Agência Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa, em inglês). Porém, diversos veículos de comunicação encontraram várias incongruências na história da mineira.

Histórico de conquistas

Nas redes sociais, Laysa Peixoto contava uma história incrível de conquistas no caminho para se tornar a primeira mulher astronauta brasileira. Além do mestrado, ela afirmava que já era líder de pesquisa espacial na Nasa aos 19 anos. Em 2022, ela postou em seu canal no Youtube afirmando que estava indo para o treinamento de astronautas da agência dos Estados Unidos, e que seria tripulante da Expedição 36. Ela também afirmava que cursava bacharelado em Física na UFMG. Em 2023, Laysa foi escolhida para a lista Forbes Under 30, na categoria Ciência e Educação. A publicação afirma que ela ajudou a identificar mais de 5 mil exoplanetas e que ela era a líder de um grupo de pesquisa na Nasa que buscava maneiras de extrair água da superfície da Lua.

Nem mestrado, nem Nasa

Mas aparentemente, tudo não passa de mentira. O G1 e a CNN Brasil entraram em contato com a Nasa, que respondeu que Laysa nunca recebeu nenhum tipo de treinamento, que ela não estava no grupo em processo de formação, não é funcionária da agência e não lidera nenhum grupo de pesquisa dentro da instituição. A UFMG também negou que ela esteja fazendo mestrado na universidade e disse que o único registro que têm dela é de quando ela cursava o bacharelado em Física, mas que ela deixou de se matricular em 2023.

Titans Space confirma a seleção de Laysa

A empresa citada por Laysa no seu post sobre o voo espacial, Titans Space, confirmou que Laysa foi selecionada para voar em 2029. Mas há um porém. A Titans Space só realiza voos comerciais para a atmosfera da Terra e não tem nenhuma ligação com a Nasa. Cada “passagem” para a atmosfera custa US$ 1 milhão, mais de R$ 5,5 milhões. A Administração Federal de Avição dos Estados Unidos também afirmou ao G1 que a Titans Space não tem permissão para realizar voos para o espaço.

Laysa foi procurada para dar sua versão dos fatos, mas não respondeu até a publicação dessa matéria. Assim que obtivermos respostas, iremos atualizar o texto.

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