Relato de Alejandro Alcolea, do Xataka Espanha
Como usuário do Switch desde o primeiro dia, eu tinha certeza de que o Switch 2 não precisava ser revolucionário. Mas tinha dúvidas se o salto geracional seria suficiente para justificar o aumento considerável de preço. Confesso que passei a noite jogando tanto o Mario Kart World quanto, principalmente, Cyberpunk 2077, que me surpreendeu pela qualidade visual, além de explorar o hardware e experimentar as possibilidades dos Joy-Con.
E, embora ainda restem dúvidas a serem respondidas, duas coisas se destacam: os materiais de fabricação, que têm um toque excelente, e a tela que, agora sim, está à altura. Vamos às primeiras impressões detalhadas do Nintendo Switch 2.
Ficha técnica do Nintendo Switch 2
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NINTENDO SWITCH 2 |
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DIMENSÕES E PESO |
272 x 116 x 13,9 mm Sem Joy-Con: 401 gramas Com Joy-Con: 534 gramas |
TELA |
LCD de 7,9 polegadas Resolução FullHD (1.920 x 1.080 pixels) 120 Hz VRR HDR |
PROCESSADOR |
NVIDIA |
ARMAZENAMENTO INTERNO |
256 GB UFS Ampliável com cartões microSD Express |
CONECTIVIDADE |
WiFi 6 Bluetooth |
SAÍDA DE VÍDEO |
4K a 60 FPS com HDR FullHD/1.440p a 120 FPS com HDR |
ÁUDIO |
PCM Lineal 5.1 (TV) Alto-falante estéreo Microfone mono |
BOTÕES |
Ligar/Desligar Volume |
PORTAS |
2 x USB tipo C Jack de 3,5 mm |
BATERIAS |
5.220 mAh Tempo de recarga: 3 horas |
AUTONOMIA |
De 2 a 6,5 horas Depende do jogo |
PREÇO |
R$ 4.499,90 modelo padrão R$ 4.799,90 modelo com Mario Kart World |
Design similar, Joy-Cons mais confortáveis
No primeiro vídeo de apresentação do Switch 2, a mensagem já era clara: conjunto maior, mesma espessura. O conceito do aparelho é exatamente o mesmo daquele que a Nintendo lançou em 2017 e os japoneses decidiram seguir à risca o lema “em time que está ganhando, não se mexe”. O que eles fizeram, na verdade, foi refinar tudo, embrulhando num pacote mais premium. Como? Inspirando-se no modelo OLED. Explico.
Ao segurarmos o console pela primeira vez, vemos que o plástico liso que antes ficava marcado facilmente com a oleosidade das mãos (e não passava uma boa sensação de qualidade) deu lugar a um plástico mais premium, com acabamento aveludado e que agrada muito ao toque. Embora ainda possa marcar, ele repele melhor as impressões digitais e tem um toque que se aproxima do alumínio.
Na parte inferior, temos a base de apoio para usar o console no modo de mesa e, se no Switch original ela era vergonhosa e, no Switch OLED, já fazia parte da traseira destacável, aqui a ideia foi mantida, mas com melhorias: está mais fina, é metálica, tem duas dobradiças e permite uma boa variedade de ângulos para posicionar o console.
É preciso levar em conta que o console ainda está novo, mas não parece que vá sofrer muito com o passar do tempo. Há dois parafusos tipo estrela que sempre podemos apertar, caso ele comece a afrouxar. Esses detalhes mais sofisticados também aparecem na entrada para os cartuchos de jogo, que agora parece mais robusta, e em pequenas borrachas na parte inferior, para evitar que o console escorregue quando usado no modo de mesa.
Falando da parte inferior, as entradas de ar frio agora estão localizadas ali, nas laterais de uma das portas USB-C de carregamento, e os alto-falantes, que antes ficavam na parte frontal, agora estão em aberturas gêmeas na moldura inferior do aparelho. Na parte superior, temos a saída de ar, botões de ligar, controle de volume com uma canaleta bem curta (o que não me agradou muito), o sensor de brilho automático (que antes ficava na moldura frontal) e outra porta USB-C.

Essa porta pode ser usada para carregar o console (acho bem mais cômodo para jogar no sofá enquanto carrega) e também para conectar acessórios como câmeras. Mas, se algo (além da base de apoio) passou por um redesenho necessário, foram as áreas de encaixe dos Joy-Con.
Aqui, há dois pontos importantes a destacar. Vou aprofundar isso mais na análise do Switch 2, mas o principal receio era que os pinos de conexão localizados nas laterais se quebrassem. Considero isso algo muito difícil de acontecer porque, uma vez encaixado, a parte fêmea da tela — por assim dizer — e a parte macho do Joy-Con não permitem movimento suficiente para torcer esses pinos.

É verdade que os Joy-Con ainda ficam um pouco soltos (mas bem menos, e sem aqueles ruídos), porém seria preciso aplicar uma força desproporcional para danificar o sistema. O outro ponto é que a fixação me parece extremamente satisfatória, simples — e o melhor de tudo é que desacoplá-los é… fantástico. Na parte interna de cada Joy-Con, ao lado de cada gatilho, há uma alavanca que, ao ser acionada, projeta uma pequena peça que “empurra” a tela e solta o Joy-Con.
Não é preciso fazer força, nem puxar, e isso contribui para a sensação premium de que falei antes. Fora isso, o Nintendo Switch 2 é maior. Menos portátil? Sim (inclusive, vai ser necessário comprar um novo estojo), mas é justamente esse aumento de tamanho que torna seus elementos mais confortáveis.

Os Joy-Con do primeiro Switch eram extremamente limitados pelo tamanho do aparelho, mas aqui temos controles maiores, com botões de tamanho mais generoso e uma sensação na mão muito superior. São controles menos pensados para crianças e mais voltados para adultos.
A distância entre os analógicos e os botões permanece praticamente a mesma, mas a pegada é completamente diferente. O que não me agrada tanto são os gatilhos. Não por serem digitais — algo que já acontecia na geração anterior —, mas porque a curvatura deles é bem mais curta e suave do que no Switch original, o que me fez dispará-los sem querer ou ativar funções involuntariamente em alguns jogos.
O que eu gostei, sim, foi do par de analógicos. Se vão apresentar o maldito drift ou não, só o tempo dirá, mas esse aumento de tamanho faz com que sejam mais precisos do que os da primeira geração. DOOM 2016, por exemplo, me parecia insuportável com os Joy-Con originais — precisei comprar o controle Pro. Com os Joy-Con do Switch 2, consigo jogar perfeitamente. O mesmo vale para outros shooters como Fortnite.
O que não me passa a sensação de ter melhorado em relação à primeira geração é o dock. Os materiais estão um nível abaixo dos do console, não gosto do fato de a tampa traseira se soltar completamente quando queremos conectar um cabo e não entendo por que ele ainda traz duas portas USB-A, quando poderia ter pelo menos uma USB-C para acessórios como a câmera.

Há bons detalhes, como a ventilação, a porta Ethernet e a parte interna lisa para não riscar a tela, mas não é um elemento que se destaque à primeira vista.
Modo mouse
Uma das adições mais importantes desta geração é o sensor óptico localizado na lateral de cada Joy-Con.
Quando os separamos, colocamos de lado sobre uma superfície e fazemos um movimento circular, os Joy-Con entram no “modo mouse” e, basicamente, funcionam como você espera: os gatilhos são o botão de seleção e a câmera se move ao deslizar o Joy-Con pela superfície.
Como funcionam? Muito bem. São precisos sobre uma mesa, mas você também pode jogar relaxado no sofá apoiando-os em um móvel. Estou ansioso para testar Civilization VII com eles, mas já funcionam no menu do console e em Cyberpunk 2077. De forma excelente, aliás.
O que não é tão bom é a ergonomia. Não dá para ter tudo, e eu não me vejo jogando horas e horas nesse modo porque os Joy-Con são finos e essa função é boa para momentos pontuais (por exemplo, um chefe difícil em um shooter) ou para títulos mais tranquilos, como os de estratégia. Mas, para sessões longas, pelo menos para mim, não convence.
A tela, agora sim, impressiona
De 6,2 polegadas do Nintendo Switch e 7 do Switch OLED, passamos para 7,9 polegadas, o que explica o tamanho maior do conjunto. Houve polêmica pela escolha do painel LCD em vez de um OLED direto, mas, apesar da profundidade de cor de um OLED e seus melhores ângulos de visão, a tela do Nintendo Switch 2 me parece um salto enorme em relação às outras.
Tendo o Steam Deck LCD e o primeiro Switch em casa, não há comparação entre eles e o novo da Nintendo. Os japoneses montaram um painel muito bom, no qual se percebe claramente o salto em contraste e brilho, mas também, principalmente, na resolução.


Dos 720p dos modelos anteriores, passamos para 1080p, com suporte a HDR10 e VRR até 120 Hz. No review oficial, entrarei em mais detalhes, mas, embora os menus, pela sua simplicidade, não impressionem de cara quando você entra em um jogo como Mario Kart World, a experiência muda. Até mesmo em títulos do primeiro Switch que rodam por retrocompatibilidade, sem o patch de melhoria (como Kirby and the Forgotten Land), o salto é evidente.
As cores são um pouco saturadas para o meu gosto, mas isso combina bem com o estilo visual dos jogos da Nintendo. A resolução em jogos que rodavam a 720p no console original é adequada, mas os que pecavam no primeiro Switch (como Xenoblade Chronicles 2) ainda apresentam o clássico aliasing, ou serrilhado, muito acentuado, além de ficarem um pouco borrados. Isso também acontece em Doom 2016 e em jogos muito pesados do primeiro Switch que não receberam melhorias para este console.
O brilho parece adequado, embora ainda precise de mais testes, e temos opções de toque em alguns jogos. Por enquanto, só Cyberpunk 2077 aproveita isso, permitindo navegar pelo mapa de Night City com um ou dois dedos. Se isso se expandir para outros jogos, será uma ótima notícia.
Para completar o setor multimídia, os alto-falantes se saem bem, com volume alto que não distorce quando está no máximo, além de trazer um bom efeito estéreo. Dá para conectar fones Bluetooth sem problemas e também pelo conector de áudio padrão.
Desempenho e jogos
Após design, controles e tela, os jogos são o quarto pilar dessas primeiras impressões do Switch 2. O catálogo de lançamento desse console é enorme por dois motivos: jogos retrocompatíveis do Switch e exclusivos, como os títulos de GameCube disponíveis no Nintendo Online (três até agora), além de lançamentos como Mario Kart World e outros que já estavam em outras plataformas, como Cyberpunk 2077 e Yakuza 0.
Se o catálogo é mais ou menos grande, vai do gosto de cada um, mas, com Cyberpunk 2077 e Mario Kart World, há muitas horas de diversão pela frente. E preciso dizer que o jogo da CD Projekt Red me surpreendeu — e muito.
Joguei no Xbox Series X, mas também no Steam Deck, e esperava uma versão parecida com a vista na máquina da Valve. Porém, visualmente, me parece que a versão de Switch 2 está vários degraus acima, com um desempenho muito bom e várias formas de controle que enriquecem a experiência.
Ter o jogo na palma da mão é uma sensação ótima por conta da tela HDR, que soma muito à experiência, e este é um daqueles jogos que nos permite escolher entre o modo Qualidade ou Desempenho. No modo portátil, considero que o modo Qualidade funciona bem — é um pouco “pesado”, mas não notei engasgos no desempenho. Com o Switch 2 conectado à TV, se você tiver uma tela compatível com VRR, eu diria para escolher o modo Desempenho.
A imagem não fica tão nítida, mas a sensação nos controles é muito melhor do que no modo Qualidade. Também tenho a impressão de que não trava, algo que acontecia nas demos do jogo que mostraram em Paris, e parece ser daqueles jogos que usam intensivamente o upscaling da Nvidia e o novo chip do Nintendo Switch 2.
Mario Kart World, por sua vez, é uma delícia visual. Tudo é nítido, colorido e roda muito bem tanto na tela do console quanto na TV. Aqui, tem muito a ver o capricho da Nintendo ao animar seus personagens, mas é um jogo que chama atenção pelo quão “bonito” ele é.

Tenho que testar mais títulos, como os The Legend of Zelda com seu patch (já testei por cima e há melhora na resolução, desempenho e filtros, mas não percebo muita coisa além disso) e outros grandes como Yakuza 0 para a análise do review final. O que eu realmente testei foram os retrocompatíveis e, aqui, há pontos positivos e negativos.
Os que já tinham boa aparência na tela do Switch, como o citado Kirby, os Zelda e Mario Odyssey, continuam muito bons no Switch 2. A situação muda para os que já sofriam com a resolução no Switch original. Xenoblade Chronicles 2, como já comentei, fica um pouco borrado, e os que eram em baixa resolução e não têm patch sofrerão do mesmo problema.
Há surpresas, no entanto, como alguns jogos que têm atualização gratuita para ficarem melhores. Além dos pacotes de melhoria para Nintendo Switch 2 que vimos nos Zelda e em Civilization VII, que são pagos, outros games, como No Man’s Sky, oferecem esse pacote gratuitamente. E certos títulos da Nintendo como New Super Mario Bros U Deluxe, Super Mario 3D World e The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom foram atualizados.
A fabricante detalha que são otimizações para a tela do Switch 2 e para televisores de alta resolução. Em alguns casos, também adicionam compatibilidade com HDR e, embora não sejam melhorias tão profundas quanto os pacotes de melhoria do NS2, são bem-vindas. Aliás, o catálogo de jogos com essas melhorias é bem limitado.
Configuração do console, um resumo
Quando iniciamos pela primeira vez, o console pergunta se queremos atualizar. Se não aceitarmos, não podemos jogar jogos físicos do Nintendo Switch 1.
Nessa configuração inicial, podemos transferir os dados do console anterior. Caso não façamos isso, será necessário restaurar o Switch 2 para as configurações de fábrica para repetir o processo.
Alguns jogos do Switch 1 são atualizados para permitir jogá-los quando inseridos no console, mas outros não.
Os cartões compatíveis são MicroSD Express, ou ‘EX’. Se inserir um microSD, mesmo que seja bom, esperando poder jogar jogos do Switch 1 nele, o sistema avisará que não o reconhece.
Os saves armazenados na Nintendo Online são transferidos automaticamente para este console.
Os jogos são pesados. Cyberpunk 2077 ocupa 59,4 GB. Yakuza 0, 45,3 GB. Fortnite, 38 GB, e Mario Kart World, 21,9 GB. Breath of the Wild com o patch fica em apenas 10,5 GB.
Primeiras impressões do Nintendo Switch 2
A primeira impressão do Nintendo Switch 2 é que é mais do mesmo, só que melhor. A tela é mais brilhante e a resolução 1080p cai muito bem, os Joy-Con são muito mais confortáveis e a sensação geral é a de ter um console mais premium do que o Switch de lançamento.
Ele aproveita as lições aprendidas com o Switch OLED e é verdade que não é uma revolução, exceto pelo sensor óptico dos Joy-Con, mas essa também não é a tradição da Nintendo. A empresa japonesa só jogou essa carta depois dos grandes fracassos comerciais do GameCube (que já vinha desde o Nintendo 64) e do Wii U.
Faltando mais horas de teste para comprovar, por exemplo, como se comporta a bateria ou como funciona o botão C, o que posso dizer do Nintendo Switch 2 é que é mais do mesmo, só que melhor. E tendo vendido 152 milhões de consoles na sua primeira geração, é o produto mais lógico que a Nintendo poderia lançar.

A dúvida? O console impressiona visualmente agora, mas teremos que ver como mantém o fôlego durante o restante da geração. E a outra desvantagem é que o lançamento pode estar sendo meio caótico por conta do número de unidades disponíveis. O Switch 1 ficou semanas sem estoque e a Nintendo prometeu que aprendeu a lição, mas nós recebemos o Switch 2 emprestado pela empresa, já que a minha unidade só chega na próxima terça-feira. E não são poucas as notícias sobre cancelamentos e falta de estoque.
Vamos ver o que acontece. Mas, até agora, o que posso dizer é que o Switch 2 é exatamente o que eu esperava de um novo console da companhia japonesa. Outro tema é o preço do aparelho e, principalmente, o preço oficial dos jogos.
Imagens | Xataka
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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