Ararinha-azul volta a ser considerada extinta, após captura de 11 exemplares

Medida emergencial tenta conter vírus que ameaça a espécie

Ararinha Azul. Créditos: World Animal Protection
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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As últimas ararinhas-azuis que viviam em liberdade na natureza foram capturadas no último domingo (2) em Curaçá, na Bahia, por determinação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A medida, classificada como emergencial, tenta conter o avanço de um vírus contagioso que ameaça a sobrevivência da espécie. Com isso, a ararinha-azul, um símbolo nacional da fauna brasileira, volta a ser considerada extinta na natureza, pelo menos por enquanto. 

Entra em extinção as últimas ararinhas-azuis que viviam livres na natureza

As onze ararinhas capturadas eram as únicas representantes da espécie vivendo livremente aqui no país. Nove delas haviam sido reintroduzidas na Caatinga em 2022, após décadas de extinção, e duas nasceram em liberdade, um marco histórico para a conservação ambiental brasileira. A decisão de recapturá-las surgiu depois de um caso de circovírus identificado em um filhote em abril. O vírus é um patógeno grave, letal para psitacídeos (grupo que inclui araras e papagaios) e não possui cura.

Para evitar a disseminação da doença, o ICMBio determinou a suspensão dos comedouros ao ar livre e montou uma estratégia para atrair as aves a um espaço fechado com alimento. Assim que todas entraram, o espaço foi lacrado, o que permitiu a captura com o mínimo de estresse possível nas aves. Agora, as ararinhas passam por testes e exames periódicos a cada 30 dias. Só poderão voltar à natureza se todos os resultados forem negativos para o circovírus.

Disputa e polêmica sobre o manejo das aves

A operação para a captura das aves foi marcada por divergências entre o ICMBio e o criadouro responsável pela reintrodução da espécie, o Criadouro Conservacionista Ararinha-Azul, que atua em parceria com uma organização alemã. Enquanto o ICMBio defende a captura como medida necessária para conter a crise sanitária, os representantes do criadouro criticaram a forma como o processo foi conduzido, alegando que a suspensão da alimentação fora do ambiente poderia colocar as aves em risco.

O ICMBio rebateu as acusações, alegando que os animais estavam saudáveis, bem alimentados e que todas as ações seguiram protocolos técnicos de bem-estar. Segundo a instituição, a captura foi planejada de forma colaborativa e contou com veterinários, biólogos, peritos e ornitólogos.

Ararinha-azul: espécie que é a cara do Brasil

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma das aves mais raras do mundo e um dos símbolos da conservação da fauna brasileira O habitat da espécie está restrita a margens e várzeas de riachos estacionais, como na Caatinga, mas ela desapareceu da natureza em 2000, sobrando apenas as aves que viviam em cativeiro. Com programas de reprodução em parceria com instituições internacionais, o Brasil conseguiu reintroduzir o primeiro grupo de aves em 2022. Agora, com a nova captura, especialistas acreditam que o futuro da espécie depende do controle do vírus e da recuperação de um ambiente seguro para que ela possa ser inserida na natureza novamente.


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