Você já ouviu falar no tapicuru? Também conhecido como socó-preto, socó-do-brejo, galo-do-bico-fino, maçarico-de-cara-pelada ou maçarico-preto, o tapicuru é uma ave negra com o focinho fino e longo. Tradicionalmente, a espécie vive na região sul do Brasil, em áreas isoladas de brejos e manguezais. Mas, nos últimos anos, o tapicuru está sendo visto em outras regiões do Brasil, como no litoral de São Paulo. A seguir, descubra mais sobre a tapicuru e os possíveis motivos para esse deslocamento.
Tapicuru: saiba quais são as principais características da espécie
Medindo entre 46 a 54 centímetros, o tapicuru (Phimosus infuscatus) é uma ave quase do tamanho de uma galinha. Ou seja, conseguem ser maiores que um pássaro, mas menores que um peru. Em relação ao peso, a espécie pode chegar a pesar entre 400 a 600 gramas. Outra característica marcante da ave é a sua coloração. Eles apresentam penas negras, um bico comprido, que pode variar de amarelo a amarelo-alaranjado, e rosto amarelado. Além disso, as penas das asas do tapicuru podem apresentar uma coloração verde esmeralda belíssima, mais perceptível quando eles abrem as asas para voar.
Em relação aos hábitos da espécie, os tapicurus vivem em bandos e sua reprodução geralmente costuma acontecer em regiões isoladas, pois os casais se isolam para procriar. Os ovos da espécie apresentam uma coloração azulada e sua incubação varia de 23 a 24 dias.
Tapicuru vive em regiões alagadas

Em relação ao habitat do tapicuru, eles vivem em países como Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e outros na América do Sul. No Brasil, habitualmente, a espécie vivia na região sul do país, especialmente em áreas alagadas de manguezais. Isso porque, devido ao bico fino e alongado, a alimentação do tapicuru é baseada em crustáceos, moluscos, caranguejos, sementes e folhas, muito presentes em regiões alagadas de manguezais, brejos, margens de rio e campos recentemente podados.
No entanto, a espécie tem sido vista em outras regiões do Brasil além do sul. Desde de 2020, o animal foi visto em regiões bem diferentes da tranquilidade do manguezal, como nas cidades de Santos e Praia Grande, localizadas em São Paulo..
Entenda o que influenciou a migração da espécie para outras regiões do Brasil
A presença de tapicurus em grandes regiões metropolitanas é visto por biólogos como um comportamento anormal para a espécie, já que eles preferem viver em regiões mais calmas e isoladas. Mas o que será que motivou essa migração da espécie para esses lugares? De acordo com o biólogo Leonardo Casadei, em entrevista para a BBC, a pandemia pode ter contribuído para essa mudança de comportamento. Ele acredita que o fato das ruas da cidade estarem mais vazias pode ter atraído a espécie para viver nessas regiões.
Hoje, mesmo após o fim do isolamento, a espécie continua vivendo em Santos e Praia Grande. Afinal, durante esse período, os tapicurus foram se reproduzindo e se estabelecendo nesses locais. Além disso, no litoral paulista, os tapicurus podem ter se sentindo mais seguros, pois esses locais proporcionam uma grande oferta de comida, além de uma baixa presença de predadores, contribuindo para a reprodução e proliferação da espécie. Devido a esses fatores, a tendência é que a espécie se espalhe ainda mais pela região.
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