Alguns monges acidentalmente apagaram um livro de Arquimedes, o que custou à humanidade séculos de avanço tecnológico

Tecnologias como programação ou inteligência artificial se baseiam nos mesmos cálculos

Palimpsesto de Arquimedes / Imagem: 3D Juegos
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Mais de 1.800 anos antes de Isaac Newton e Gottfried Leibniz desenvolverem o cálculo que nos permitiu criar megaestruturas como pontes e arranha-céus, as teorias combinatórias que deram origem à programação, à ciência de dados e à inteligência artificial — e que, claro, também nos colocaram no caminho da conquista espacial — já eram conhecidas pela humanidade. Infelizmente, alguns monges destruíram esse conhecimento sem querer.

O livro, hoje conhecido como o Palimpsesto de Arquimedes, incluía a primeira abordagem registrada daquilo que hoje chamamos de matemática combinatória. Era a base sobre a qual se sustenta nossa engenharia moderna, por meio da física teórica capaz de calcular áreas e volumes e, de forma geral, das matemáticas necessárias para que hoje, na escola, possamos deduzir quanto tempo um trem leva para ir do ponto A ao ponto B. Tudo isso já existia no século II a.C., mas se perdeu por um descuido infeliz.

Séculos de avanço apagados para escrever cânticos

Em 1906, quando o filólogo dinamarquês Johan Ludvig Heiberg estudava manuscritos medievais, ele se deparou com um livro de orações e cânticos religiosos que chamou sua atenção. Sob o que fora escrito por monges em algum momento do século XIII, o filólogo conseguiu identificar parte de um texto apagado de Arquimedes, correspondente a uma de suas obras perdidas, o Método dos Teoremas Mecânicos.

Tiveram que se passar mais de 90 anos para que, após o manuscrito desaparecer por décadas e ser adquirido em um leilão por um comprador anônimo por 2 milhões de dólares, a ciência pudesse finalmente recuperá-lo. Utilizando técnicas modernas com luz ultravioleta, infravermelho e raios X, os cientistas descobriram o texto matemático escondido no pergaminho. Um avanço revolucionário capaz de mudar a história da humanidade, mas que, infelizmente, chegou tarde demais.

Em defesa daqueles monges, vale destacar que, quando destruíram o pergaminho em Constantinopla vários séculos antes, provavelmente não tinham consciência do que tinham diante de si. Naquela época, o pergaminho era um bem tão caro quanto raro, de modo que frequentemente se raspava textos antigos para reutilizar o material na criação de livros religiosos.

A prática de reutilizar pergaminhos era conhecida como palimpsesto, o que acabou originando o nome Palimpsesto de Arquimedes, pelo qual conhecemos hoje essa gloriosa peça da arqueologia. Infelizmente, nunca saberemos o que teria acontecido se aqueles cálculos não tivessem sido apagados, nem quais outros avanços ou revelações estão escondidos entre todos esses livros reciclados, que hoje servem como compilações de salmos e orações.

Tradução via: 3D Juegos.


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