As “baleias” do bitcoin estão cada vez maiores. É o que indica um estudo recente da Gemini e da Glassnode, que fala sobre os grandes “tesouros centralizados de bitcoin”, os quais já controlam 30,9% dos bitcoins em circulação atualmente. O dado é chamativo, mas não é totalmente conclusivo, e a descentralização da criptomoeda continua alta.
Em 2021, o Xataka Espanha falou de como os 10 mil maiores investidores de bitcoin controlavam mais de um terço de todas as criptomoedas em circulação. Eram as grandes baleias do mercado, pessoas ou entidades que acumulavam enormes quantidades de criptomoedas. Essa concentração já era preocupante, mas agora é ainda maior: segundo os dados do novo estudo, atualmente são 216 grandes entidades centralizadas que controlam um terço de todos os bitcoins em circulação.
Uma tendência em alta
O relatório aponta que o número total de bitcoins adquiridos pelas grandes entidades institucionais e de custódia cresceu para 6.145.207 bitcoins. Isso representa um aumento de 924% na quantidade de bitcoins que esse tipo de entidade possuía há uma década.

Durante a última década, a imensa maioria das instituições se manteve afastada do bitcoin, mas, recentemente, temos vivido uma mudança singular na mentalidade dessas entidades. Empresas e governos começaram a investir em bitcoins de forma extraordinária e o amor institucional é hoje um claro reflexo da situação — e do preço — do bitcoin.
Já faz semanas que o valor do bitcoin não sofre grandes variações, mas o entusiasmo das grandes entidades continua. A Strategy, empresa liderada por Michael Saylor, segue comprando como se não houvesse amanhã e já possui 592.000 dessas criptomoedas. Muito atrás estão outras como Mara Holdings (49.179) e Twenty One Capital, que já detém 37.230 bitcoins. A Tesla, por sua vez, tem 11.509 bitcoins, embora esse interesse incomum pareça ter diminuído. Empresas como a Coinbase (9.267) e o grupo “minerador” Hut 8 Mining Corp (10.273) também demonstram esse interesse em acumular cada vez mais bitcoins.
Não são apenas as empresas: alguns governos também fizeram investimentos robustos nessa criptomoeda ou a obtiveram por meio de apreensões. Os EUA são um bom exemplo: quase a totalidade de seus 207.189 bitcoins vem de operações contra a Silk Road ou do que foi recuperado em 2022 após o hack da Bitfinex em 2016. O país norte-americano é o que mais possui bitcoins, à frente da China (194.000) e do Reino Unido (61.000). El Salvador, que ficou especialmente conhecido por ter tornado o bitcoin moeda legal e depois recuou, tem muito menos, 6.089 bitcoins. Ainda assim, são muitos.
Uma concentração enganosa
Embora os dados da Gemini sejam chamativos, também são um pouco confusos, principalmente porque, na definição de grandes entidades, entram grandes mercados de compra e venda de criptomoedas, ETFs e produtos financeiros baseados em bitcoin. Mas, na verdade, as criptomoedas acumuladas por essas entidades centralizadas (que de fato são centralizadas) não pertencem à maioria dessas entidades, e sim aos investidores que as utilizam e operam nesse mercado por meio desses produtos financeiros.

Estudos similares, como o realizado pela BitMEX Research em abril, revelam uma concentração um pouco menos preocupante. Dos 21 milhões de bitcoins que serão produzidos, 11,9% estão nas mãos de empresas e governos, mas sobretudo de ETFs e fundos, como também indica o BitcoinTreasuries. A grande maioria (69,4%) está nas mãos de investidores independentes.
Também surpreende que 7,5% de todos os bitcoins produzidos foram perdidos para todo o sempre. Essa porcentagem era ainda maior em 2017, mas, desde então, parece que quem investe neles tomou medidas para evitar essas perdas.
Imagem principal | Erling Løken Andersen (Unsplash)
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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