Órbita hiperbólica, mudança de cor, emissão de gases e vindo de fora no nosso Sistema Solar: porque o 3I/ATLAS é tão diferente e ficou tão popular

Cometa fascina astrônomos e entusiastas do espaço

Reprodução/NASA
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Bárbara Castro

Redatora
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Bárbara Castro

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Jornalista com pós-graduação em Cinema que passava as tardes vendo Cartoon Network e History Channel quando criança. Coleciona vinis, CDs e jogos do Nintendo DS e 3DS (e estantes que não cabem mais livros). A primeira memória com um computador é de ter machucado o dedo em uma ventoinha enquanto um de seus pais estava montando um PC.

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Descoberto em 1º de julho de 2025 pelo sistema de vigilância ATLAS, no Chile, o 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado passando pelo nosso Sistema Solar — depois de 1I/ʻOumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019).

A NASA confirmou que sua órbita é hiperbólica, o que significa que o cometa não está preso à gravidade do Sol, ele veio de fora, atravessando o espaço interestelar por milhões (talvez bilhões) de anos antes de ser detectado.

Segundo estimativas do Telescópio Espacial Hubble, o núcleo do 3I/ATLAS mede entre 440 metros e 5,6 quilômetros. Ele vai passar a cerca de 1,8 unidades astronômicas (270 milhões de quilômetros) da Terra — ou seja, sem risco algum para o planeta.

Durante as últimas observações, o cometa mostrou um comportamento curioso: ele está acelerando de forma que não pode ser explicada apenas pela gravidade.

O fenômeno, chamado de aceleração não gravitacional, foi detectado por astrônomos que perceberam uma leve alteração na trajetória do objeto — cerca de quatro segundos de arco em ascensão reta.

Cientistas explicam que o que “empurra” o 3I/ATLAS são jatos de gás e poeira liberados quando o gelo em sua superfície sublima (passa direto do estado sólido para o gasoso) conforme ele se aproxima do Sol. É o mesmo processo que cria as caudas brilhantes dos cometas comuns — só que, neste caso, muito mais intenso.

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Outro detalhe fascinante é a composição química do 3I/ATLAS.
Análises recentes indicam uma alta proporção de dióxido de carbono (CO₂) em relação à água — cerca de oito vezes maior do que o padrão de cometas do nosso Sistema Solar.

Isso sugere que o objeto se formou em uma região extremamente fria, possivelmente em torno de uma estrela antiga e de baixa metalicidade, o que sugere que ele pode ter nascido antes mesmo do nosso Sol existir.

Para os astrônomos, estudar esse visitante interestelar é como analisar uma amostra física de outro sistema planetário, preservada por bilhões de anos no espaço.

O cometa atingiu seu periélio — o ponto mais próximo do Sol — em 30 de outubro de 2025.

A passagem desse cometa interestelar é uma oportunidade científica única.
Cada visitante extrassolar ajuda a entender como planetas e cometas se formam em outros sistemas estelares, basicamente um verdadeiro fóssil cósmico vagando pela galáxia.

Capa da matéria: Reprodução/NASA

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