Em novembro de 1992, o jardineiro aposentado e detectorista amador Eric Lawes saiu para um campo na vila de Hoxne, em Suffolk, Inglaterra, com uma missão muito específica: ajudar seu amigo, o fazendeiro Peter Whatling, a encontrar um martelo perdido.
O que ele não sabia era que aquele martelo o guiaria para a maior descoberta de sua vida e para um dos tesouros mais importantes da história britânica.
A descoberta no campo
Enquanto varria o campo com seu detector de metais, Lawes recebeu um sinal forte. Ele começou a cavar, esperando encontrar a ferramenta de ferro perdida. Em vez disso, o que surgiu da terra foram colheres de prata, joias de ouro e centenas de moedas de ouro e prata.
Percebendo que havia encontrado algo extraordinário, Lawes tomou a decisão que mudaria a história da arqueologia: ele parou de cavar imediatamente. Ele e Whatling não tentaram retirar mais nada; em vez disso, cobriram o buraco e notificaram imediatamente os proprietários de terras e a polícia.
A escavação profissional
A atitude exemplar de Lawes permitiu que, já no dia seguinte, uma equipe de arqueólogos da Unidade Arqueológica de Suffolk realizasse uma escavação de emergência no local. Como o tesouro estava intacto (in situ), os profissionais puderam escavar o material em um único dia, removendo blocos de terra para análise em laboratório e entendendo exatamente como os itens foram organizados.
O que eles encontraram foi o Tesouro de Hoxne (Hoxne Hoard): o maior tesouro de ouro e prata do final do período romano já descoberto na Grã-Bretanha.
O tesouro, que estava cuidadosamente acondicionado dentro de um baú de carvalho (que se deteriorou), continha:
- 14.865 moedas romanas (569 de ouro, 14.272 de prata e 24 de bronze).
- Aproximadamente 200 outros itens de prata e ouro.
- Joias de ouro deslumbrantes, incluindo correntes corporais, colares e pulseiras.
- Utensílios de mesa de prata, como colheres, conchas, tigelas e pimenteiros (incluindo o famoso pimenteiro "Imperatriz").
E, sim, em meio à fortuna romana, os arqueólogos também recuperaram o martelo perdido de Peter Whatling, que foi devidamente doado ao Museu Britânico junto com o tesouro.
Uma fortuna merecida
Por ter relatado a descoberta prontamente, permitindo seu estudo arqueológico completo, o tesouro foi declarado "Treasure Trove" (Tesouro Achado). Em 1993, o Comitê de Avaliação de Tesouros avaliou o Tesouro de Hoxne em £ 1,75 milhão (equivalente a cerca de £ 4,5 milhões ou mais de R$ 28 milhões hoje).
O valor total foi pago a Eric Lawes, que, em um gesto de amizade e justiça, dividiu a recompensa com o fazendeiro Peter Whatling.
A descoberta teve um impacto tão grande que ajudou a mudar a lei inglesa sobre achados de tesouros, resultando no "Treasure Act 1996", que garante que o descobridor, o proprietário da terra e o inquilino compartilhem a recompensa.
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