Um misterioso vírus ancestral revela segredos que podem ajudar a combater superbactérias

Promessas futuras para terapias mais eficazes

Vírus | Fonte: Getty Images
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Vika Rosa

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Vika Rosa

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, cobrindo os mais diversos temas. Apaixonada por ciência, tecnologia e games.


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Cientistas criaram um mapa 3D detalhado de um vírus ancestral, revelando segredos moleculares que podem ser cruciais para a luta contra as superbactérias resistentes a medicamentos. A pesquisa, liderada pela Universidade de Otago, oferece uma nova esperança para o desenvolvimento de alternativas aos antibióticos.

O foco do estudo é um bacteriófago — um tipo de vírus que infecta e mata bactérias seletivamente, sendo inofensivo para humanos. 

Com o aumento da resistência antimicrobiana em todo o mundo, esses "fagos" estão sendo cada vez mais pesquisados para uso na "terapia com bacteriófagos", um tratamento promissor para infecções que não respondem mais aos antibióticos tradicionais.

Um mapa 3D para entender o ataque

Estrutura bacteriófago | Fonte: Science Advances Estrutura bacteriófago | Fonte: Science Advances

Publicado na revista Science Advances (link no primeiro parágrafo), o estudo analisou o bacteriófago Bas63, um vírus que infecta a bactéria E. coli. A equipe de pesquisadores usou crio-microscopia eletrônica para mapear a estrutura do vírus em escala molecular, focando em sua complexa "cauda" — o mecanismo mecânico que ele usa para perfurar e infectar a bactéria.

Segundo o Dr. James Hodgkinson-Bean, autor principal do estudo, entender como essa cauda funciona em detalhes é vital para selecionar os fagos ideais para terapias. 

O mapa 3D detalhado do Bas63 não só ajuda no design racional de novos tratamentos médicos e agrícolas (como o combate a biofilmes em sistemas de alimentos), mas também revela características raras e belas, como conexões de "bigodes" (vibrissas) no colarinho do vírus.

Fósseis vivos de bilhões de anos

A pesquisa vai além da medicina e oferece uma janela rara para a evolução viral. Segundo os pesquisadores, a estrutura 3D de um vírus é, muitas vezes, mais informativa sobre suas origens ancestrais do que seu próprio DNA.

Ao analisar a estrutura do Bas63, a equipe identificou características que o conectam a vírus geneticamente muito distantes, revelando elos evolutivos anteriormente desconhecidos. Sabe-se que os bacteriófagos são parentes distantes dos vírus da herpes, uma relação que se acredita remontar a bilhões de anos, antes mesmo do surgimento da vida multicelular.

"Por essa razão, quando analisamos a estrutura dos bacteriófagos, estamos analisando fósseis vivos, seres ancestrais primordiais", afirma Hodgkinson-Bean. "Há algo verdadeiramente belo nisso."

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