Há uma década, um escândalo conhecido como Dieselgate sacudiu o mundo da indústria automotiva, gerando repercussões até hoje. Com o Grupo Volkswagen como principal culpado, descobriu-se que as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) de seus carros a diesel estavam sendo manipuladas nos testes de laboratório, fazendo com que, em condições reais, eles poluíssem muito mais.
Agora, um importante estudo científico publicado na Science Advances coloca os motores a gasolina sob análise e questiona a eficácia dos filtros de partículas: as emissões dos carros a gasolina modernos, apesar de estarem em conformidade com a norma europeia de emissões Euro 6d (a mais rigorosa atualmente), podem se tornar significativamente mais nocivas após serem liberadas na atmosfera. Algo que não é levado em consideração.
Regulamentar as emissões dos escapamentos já não é suficiente para proteger nossa saúde
O estudo internacional, liderado pelo centro de pesquisa alemão Helmholtz Munich e pela Universidade de Rostock, coloca em dúvida a eficácia dos filtros de partículas e se os gases de escapamento filtrados dos veículos que cumprem a norma Euro 6d são realmente seguros para a saúde.
A pesquisa se concentrou em um veículo a gasolina equipado com um filtro de partículas, projetado para reduzir drasticamente as emissões de partículas primárias, como a fuligem gerada na combustão. Os gases de escapamento recém-emitidos não apresentaram efeitos citotóxicos detectáveis em células pulmonares humanas, mas, após sofrerem um envelhecimento fotoquímico — um processo de transformação natural impulsionado pela luz solar e pelos oxidantes atmosféricos —, tornaram-se consideravelmente mais tóxicos.
“As emissões envelhecidas causaram um dano considerável ao DNA e estresse oxidativo tanto em células epiteliais alveolares cancerígenas quanto em células epiteliais brônquicas normais. Essa toxicidade não estava associada apenas às partículas recém-formadas [...] mas também a compostos voláteis oxigenados, como os carbonílicos, gerados durante sua permanência na atmosfera”, detalha o estudo.
Como aponta o Phys.org, a conclusão desse importante achado é que, embora as normas Euro 6d garantam baixas emissões no escapamento, elas não levam em consideração as transformações químicas que essas emissões sofrem após serem liberadas no meio ambiente. Ou seja, a regulamentação atual se concentra nas emissões medidas imediatamente após a combustão, sem considerar como elas se comportam depois de liberadas. E isso é um problema, já que as emissões filtradas continuam sendo tóxicas quando expostas à luz solar.
Para a autora principal do estudo e pesquisadora do Helmholtz Munich, Dra. Mathilde Delaval, esses achados indicam uma deficiência “crítica” nos testes e nas regulamentações atuais sobre como são definidos os padrões de qualidade do ar. A conclusão é clara: regulamentar apenas as emissões dos escapamentos já não é suficiente.
Imagem | jae p (Pexels)
Este texto foi traduzido/adaptado do site Motorpasión.
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