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Cientistas detectam maior colisão de buracos negros envolvendo objeto que "não deveria existir" e isso pode mudar tudo sobre o cosmos

Ondas gravitacionais revelam colisão entre buracos negros fora dos padrões esperados

Dois Bruacos Negros colidindo. Créditos: EPTA/STELIOS THOUKIDIDES
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Astrônomos registraram a maior colisão de buracos negros já observada na história. O evento, chamado GW231123, envolveu dois gigantes cósmicos com mais de cem vezes a massa do Sol cada um e foi detectado pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO). A colisão gerou ondas gravitacionais, que são pequenas distorções no espaço-tempo, e levanta novas questões sobre a origem e evolução desses objetos extremos.

O que é um buraco negro?

Para entender melhor esse fênomeno inacreditável, é importante um pouco sobre os buracos negros, regiões do espaço onde a gravidade é tão intensa que nada consegue escapar, nem mesmo a luz. Eles se formam quando uma quantidade enorme de massa é comprimida em um espaço extremamente pequeno, criando uma singularidade que distorce o próprio espaço-tempo. O grande diferencial dos buracos negros é que eles são capazes de atrair e “engolir” qualquer matéria ou radiação próxima, sendo uma das manifestações mais extremas da força da gravidade no universo.

Essa foi a maior colisão já registrada na história

O evento GW231123 envolveu dois buracos negros gigantes: um com cerca de 103 massas solares e outro com aproximadamente 137 massas solares. Somados, ultrapassam 240 massas solares, um número que supera colisões desse tipo observadas anteriormente. A colisão foi anunciada por uma colaboração internacional de cientistas durante conferência sobre gravitação e relatividade geral realizada em Glasgow, na Escócia, e chama atenção por desafiar teorias atuais sobre o tamanho e a formação desses objetos cósmicos.

Entenda como essas colisões são detectadas por cientistas

A única forma de identificar colisões entre buracos negros é por meio das ondas gravitacionais, que são vibrações no espaço-tempo que se espalham após eventos de grande energia. Desde 2015, quando foram detectadas pela primeira vez, já foram registradas mais de 300 fusões desse tipo. Os buracos negros são classificados em três categorias: de massa estelar, de massa intermediária e supermassivos.

Os de massa estelar são os menores e se formam quando estrelas muito massivas chegam ao fim da vida e colapsam sob a própria gravidade. Em seguida vêm os de massa intermediária, que têm de centenas a milhares de vezes a massa do Sol e são considerados raros. Por fim, também existem os supermassivos, que ficam no centro das galáxias e podem ter bilhões de massas solares. É o caso do Sagitário A*, localizado no coração da Via Láctea, com cerca de 4 milhões de massas solares.

Contudo, os cientistas acreditam que exista uma “escada evolutiva” entre essas categorias: buracos negros pequenos se fundem para formar os intermediários, que se juntam até dar origem aos supermassivos. Porém, a teoria prevê que buracos negros com entre 60 e 130 massas solares sejam extremamente raros, quase inexistentes. No caso do evento GW231123, pelo menos um está justamente nessa faixa “proibida”, desafiando as explicações atuais sobre sua origem. Em um estudo publicado na Arxiv, Mark Hannam, membro da Colaboração Científica LIGO, e outros cientistas sugerem que a origem do GW231123 poderia ser explicada se os dois buracos negros fossem resultados de fusões anteriores.

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