Nova Pangeia? Pesquisa revela que continente africano está se dividindo e começando a formar um novo oceano

A divisão do continente africano vai ocorrer ao longo de milhões de anos e pode trazer consequências sociais e ambientais

Continente africano. Créditos: skodonnell/GettyImages
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Você se lembra de estudar nas aulas de história e geografia sobre a Pangeia? Pangeia é o nome dado a uma enorme massa que formava o único continente terrestre existente durante a era Paleozoica, há cerca de 300 a 200 milhões de anos atrás. Quando esse supercontinente começou a se fragmentar, ela deu origem aos 5 continentes que conhecemos hoje: a América, Oceania, Europa, Ásia e Antártida.

Apesar desse movimento ter ocorrido há milhares e milhares de anos atrás, um novo estudo publicado no dia 25 de junho deste ano, na revista Nature Geoscience, revelou que a África está se dividindo de uma forma bem semelhante ao que ocorreu com a Pangeia há 200 milhões de anos. Com isso, surge a dúvida: será que a “nova Pangeia" vem aí? Venha conferir!

Entenda o que está por trás da transformação geológica do continente africano

Já imaginou a África dividida em dois continentes diferentes? Pois é exatamente isso que pesquisadores acreditam que irá acontecer daqui há “alguns” anos. Emma Watts, pós-doutoranda em Tefra e Vulcanologia na Universidade de Swansea, no Reino Unido, liderou o estudo publicado na Nature Geoscience com mais de 10 pesquisadores. Juntos, eles descobriram que a região do Grande Vale do Rift, um sistema de vales de fenda de Afar, na Etiópia, está passando por um processo de separação continental

De acordo com eles, esse processo é impulsionado pelo movimento das placas tectônicas Nubiana e Somaliana, mais especificamente devido a ascensões periódicas e cíclicas de magma do manto terrestre, que acaba aquecendo e deformando a crosta, criando tensões capazes de partir o solo. Isso significa que a cada pequeno movimento das placas, esse magma sobe a superfície e enfraquece a estrutura do continente. Como consequência, os cientistas acreditam que é inevitável que, ao longo de milhões de anos, esse processo dê origem a um novo oceano e a divisão continental.

Planeta em movimento? Saiba como identificar e as consequências  

Apesar de parecer algo muito inacreditável, a divisão do continente africano é um processo natural da crosta terrestre. Isso acontece porque o movimento das placas tectônicas provoca terremotos de baixa e média intensidade que podem aumentar a atividade vulcânica na região do Grande Vale do Rift. Além disso, o afastamento progressivo dessas placas, como a Nubiana e Somaliana, cria vales e depressões que mudam o ecossistema, podendo afetar rios, lagos, o solo e, claro, as populações locais. 

Vale dizer também que, apesar de ser algo que acontece naturalmente, esse processo pode trazer impactos sociais e ambientais significativos e extensos. Dentre eles, pode-se citar a própria transformação dos ecossistemas, como mudanças climáticas e geográficas, que modificam a dinâmica migratória dos animais. Grandes terremotos e atividades vulcânicas também podem trazer consequências devastadoras, como a destruição da infraestrutura desses locais. Dessa forma, é fundamental que as autoridades da região estejam preparadas para lidar com as consequências desse fenômeno.

Divisão da África vai ocorrer ao longo de milhões de anos

Já imaginou morar em uma região do Brasil que se dividiu completamente do continente sul americano, com um novo oceano passando entre seus territórios? É bem isso que deve acontecer com alguns países próximos da região do Grande Vale do Rift, como Etiópia, Quênia, Tanzânia e Moçambique. Esse acontecimento pode gerar transformações significativas nesses locais, desde a transformação do ecossistema, formação de novos oceanos, a divisão da população e novas dinâmicas econômicas. 

Contudo, não há porque se preocupar por agora. De acordo com os cientistas envolvidos no estudo, a formação do novo oceano e a divisão da África só vai ocorrer daqui há milhões de anos. As medições de deslocamento das placas Nubiana e Somaliana mostraram que elas se afastam em média 7 milímetros apenas por ano, um deslocamento bem sutil. Ou seja, a Pangeia vai acontecer novamente, mas nós não poderíamos presenciar esse acontecimento, nem se quiséssemos. 

Os cientistas acreditam que o primeiro estágio de divisão do continente será a inundação do Triângulo de Afar, no nordeste da África, pelas águas do Oceano Índico. Isso deve criar uma nova bacia que vai separar o leste africano, aquela região no mapa chamada de “Chifre da África”, do restante do continente. Na medida que o tempo for passando, montanhas e costas oceânicas se formarão, redesenhando a geografia do novo continente que se formará. Essa observação vai permitir que os cientistas analisem como os continentes se separaram e como novos oceanos surgiram, algo que moldou a Terra ao longo de bilhões de anos. 

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