A Apple apresentou recentemente o iPhone Air, descrito por Tim Cook como “um divisor de águas”. O novo modelo é o smartphone mais fino já lançado pela empresa, com apenas 5,6 mm de espessura — ligeiramente mais fino que o Galaxy S25 Edge, da Samsung — e pesando 165 gramas. Mas, enquanto o mundo inteiro viu o novo iPhone sendo exibido entre dois dedos em uma pose elegante, na Coreia do Sul o mesmo anúncio apareceu… sem mãos.
A ausência, que pode parecer um detalhe estético, tem tudo a ver com contexto cultural. O gesto de segurar algo entre o polegar e o indicador — usado por campanhas da Apple em países como EUA, Japão e Brasil — é visto de forma polêmica na Coreia. Lá, o movimento é conhecido como “jibgeson”, ou “mão de caranguejo”, e acabou sendo adotado por grupos considerados antimasculinos, que o utilizam como símbolo para zombar de homens coreanos, insinuando que teriam órgãos genitais pequenos.
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O gesto virou um verdadeiro gatilho cultural nos últimos anos. Games, propagandas e até quadrinhos digitais já enfrentaram boicotes massivos por exibirem personagens com a mão nessa posição. Em 2023, por exemplo, a Nexon precisou remover um vídeo promocional de MapleStory após críticas; no ano seguinte, teve de ajustar novamente uma arte por causa da mesma reclamação. Outras empresas, como a Naver Webtoon e a siderúrgica Posco, também acabaram retirando campanhas do ar após acusações semelhantes.
Sabendo disso, a Apple preferiu não correr riscos. Em vez da tradicional imagem com dedos segurando o aparelho, a versão coreana da propaganda mostra apenas o iPhone Air flutuando contra um fundo neutro — sem mãos, sem gestos e, principalmente, sem polêmica.

A decisão ilustra como até uma das marcas mais famosas do mundo, conhecida por ter um marketing certeiro, precisa se adaptar para respeitar detalhes culturais locais. No fim, a campanha coreana do iPhone Air acaba sendo um lembrete curioso: em alguns lugares, um simples gesto pode ter muito mais peso do que o aparelho mais leve já feito pela Apple.
Crédito de imagens: Divulgação, Korea JoongAng Daily.
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