Alguém escaneou 1 milímetro cúbico de tecido cerebral e os dados eram equivalentes a 14 mil filmes em 4K

Mapear o cérebro todo exigiria um centro de dados de 57 hectares

Google construiu um modelo 3D interativo do tecido cerebral utilizando ferramentas avançadas de IA / Imagens: Google
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Em 2024, pesquisadores de Harvard e especialistas em IA do Google mapearam um milímetro cúbico do cérebro humano na maior reconstrução 3D de uma parte desse órgão já realizada até hoje. Como resultado do experimento, obtiveram 1,4 petabytes (PB) de dados, ou seja, 1.400 terabytes (TB), o equivalente a baixar 14.000 filmes em 4K.

Segundo o site Tom's Hardware, calcula-se que, se esse experimento fosse ampliado para o cérebro todo, custaria nada menos que 50 bilhões de dólares (quase R$ 278 bilhões) e resultaria em 1,6 zettabytes (ZB) de dados (1,6 bilhão de TB). Para armazenar toda essa informação, seria necessário um centro de dados de 57 hectares.

Mapeando as camadas do cérebro

No blog, o Google explica que, para esse experimento, foi usada uma amostra de cérebro de 3 mm de comprimento doada por uma mulher com epilepsia. Os pesquisadores coletaram milhares de imagens transversais ultrafinas dessa amostra. Em seguida, o Google construiu um modelo 3D interativo do tecido cerebral utilizando ferramentas avançadas de IA.

A amostra continha aproximadamente 50 mil células, 230 mm de vasos sanguíneos e cerca de 150 milhões de sinapses, ou seja, conexões onde os neurônios se encontram e trocam informações entre si. O mapa 3D mostra detalhadamente as fibras e células cerebrais. Trata-se de um marco importante, pois representa um passo a mais na tentativa de compreender melhor como funciona o cérebro humano.

Os pesquisadores acreditam que os dados fornecidos por esse modelo podem ser úteis para continuar a investigação sobre as conexões cerebrais. Isso pode levar à compreensão de aspectos como a formação de memórias ou as causas de transtornos e doenças neurológicas, como o autismo e o Alzheimer.

Vários achados fascinantes

De acordo com Jeff Lichtman, pesquisador de Harvard, em declarações ao The Guardian, “encontramos muitas coisas neste conjunto de dados que não estão nos livros didáticos”. Entre as descobertas fascinantes está, por exemplo, um neurônio com mais de 5.000 pontos de conexão com outras células nervosas (axônios) e pelo menos a mesma quantidade de sinapses.

O mapa também revelou o surgimento de grupos de axônios formando laços chamados de “vértices axônicos”. Isso é algo incomum, pois geralmente os axônios correm retos até seu destino. Esses vértices, na amostra, eram raros — em alguns casos, eles se fixavam na superfície de outra célula. Os pesquisadores ainda desconhecem a função desses laços.

Lichtman reconheceu que os cientistas não conseguem entender muitos dos achados. Contudo, afirma que tudo isso sugere que existe uma enorme diferença entre o que se sabe sobre o cérebro e o que ainda precisa ser descoberto. O pesquisador acrescentou, ainda, que “a razão pela qual não fizemos isso antes é que é um grande desafio. Realmente foi extremamente difícil de fazer”.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka México.

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