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A nova solução contra a calvície: um adoçante natural, seguro e já aprovado para consumo

O minoxidil tem um grande problema: é muito difícil atravessar as membranas biológicas

Remédio para calvície / Imagem: Gustavo Sánchez
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin é jornalista.

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A alopecia androgenética, mais conhecida como calvície de padrão masculino ou feminino, é uma das causas mais comuns de perda de cabelo no mundo. O tratamento mais usual é o uso de minoxidil tópico, mas ele não é um grande milagre, pois sua eficácia é limitada por diversos fatores. Agora, um grupo de pesquisadores encontrou uma solução bastante inesperada nos adoçantes que usamos no dia a dia, tornando o tratamento mais eficaz.

Como mencionado, o minoxidil tópico pode ter sua ação prejudicada pelo simples fato de ter baixa solubilidade em água, o que dificulta sua penetração na pele. Por isso, é necessário usar álcool como excipiente no tratamento, o que provoca outros efeitos colaterais, como coceira.

É por isso que o estudo publicado na prestigiada revista Advanced Healthcare Materials revela que o esteviosídeo (STV), um composto natural extraído da planta da estévia, não apenas melhora drasticamente a absorção do minoxidil, como também pode ser usado para criar um sistema de administração muito mais eficaz.

Um adoçante

A ideia dos cientistas foi usar o esteviosídeo por sua dupla função. Por um lado, como um potente agente para dissolver o minoxidil (MXD) e, por outro, como material principal para fabricar um inovador adesivo de microagulhas que posteriormente pode ser usado na apresentação do medicamento.

O esteviosídeo é uma molécula anfipática, o que significa que possui uma parte que atrai a água e outra que a repele. Essa propriedade é muito importante para criar pequenas esferas chamadas micelas em uma solução aquosa, formando um núcleo onde fármacos pouco solúveis, como o minoxidil, podem se alojar confortavelmente. Para entender melhor, ele atua como o “veículo” que o minoxidil usa para atravessar o pdágio — que, no caso, são nossas membranas biológicas.

E os resultados da pesquisa foram bastante positivos. O estudo apontou que o esteviosídeo aumentou a solubilidade do minoxidil em até 47 mg/ml, um valor aproximadamente 18 vezes maior do que o do minoxidil sozinho.

Microagulhas

Para superar a barreira da pele, os pesquisadores desenvolveram um adesivo com microagulhas solúveis feitas da própria mistura de esteviosídeo e minoxidil. Essas microagulhas, invisíveis a olho nu, penetram na camada mais externa da pele de forma indolor e se dissolvem, liberando o fármaco diretamente na área onde estão os folículos capilares. Isso é muito mais eficaz do que aplicá-lo topicamente em forma de spray, que enfrenta o problema de penetração limitada.

Dessa forma, temos um método de aplicação muito mais preciso, que também evita os efeitos de usar uma microagulha metálica. No laboratório, observou-se uma liberação de 85% do fármaco e uma retenção na pele de 18% em 24 horas.

Esses números superam em muito os resultados obtidos com a aplicação tópica tradicional em solução alcoólica, onde a retenção é de apenas 2%. E esta é a chave para que o fármaco atue no folículo capilar por mais tempo antes de ser metabolizado.

Para avaliar o potencial desta nova forma de aplicação, o tratamento foi testado em animais no laboratório. Para isso, a alopecia foi induzida em ratos e o tratamento com o adesivo de microagulhas foi comparado à solução padrão de minoxidil e a um grupo de controle.

Com o passar dos dias, o grupo tratado com o adesivo de esteviosídeo e minoxidil mostrou crescimento capilar significativamente maior. Especificamente, aos 35 dias de tratamento, a área tratada com o adesivo apresentou 67,5% de cobertura com novo cabelo. Em comparação, a solução convencional de minoxidil alcançou apenas 25,7% de cobertura no mesmo período.

Mas não para por aí, pois também foi observado claramente que o adesivo foi muito mais eficaz em reativar os folículos capilares, fazendo-os passar rapidamente para a fase de crescimento.

Embora ainda sejam necessários estudos em humanos para confirmar esses achados, esta pesquisa abre um caminho completamente novo para combater a alopecia. Um adoçante natural, seguro e já aprovado para consumo pode ser a chave para desenvolver uma nova geração de tratamentos capilares mais eficazes, confortáveis e com menos efeitos colaterais.

Imagens | Gustavo Sánchez

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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