Adeus ao litoral? Estudo alerta que metade das praias do mundo pode desaparecer até 2100

Conservar os ecossistemas costeiros deve ser uma prioridade

Praia | Fonte: Getty Images
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
vika-rosa

Vika Rosa

Redatora
vika-rosa

Vika Rosa

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência, cobrindo os mais diversos temas. Apaixonada por ciência, tecnologia e games.


78 publicaciones de Vika Rosa

As zonas costeiras do planeta estão sendo "esmagadas" pela pressão combinada do aumento do nível do mar (impulsionado pelo clima) e pela expansão incessante do desenvolvimento humano. O alerta foi feito pelo cientista marinho uruguaio Omar Defeo (Universidade da República) e publicado na Marine Pollution Bulletin, que apresentou dados de estudos globais mostrando que a erosão nas praias está se acelerando rapidamente.

Segundo Defeo, as projeções são alarmantes: "Quase metade das praias vai desaparecer até o final do século." Este processo não apenas destrói a biodiversidade e afeta as economias locais que dependem da pesca e do turismo, mas também deixa as cidades litorâneas mais vulneráveis à invasão da água.

O frágil equilíbrio das três zonas costeiras

Para entender a gravidade do problema, Defeo explicou que a costa é um ecossistema interconectado composto por três regiões que se alimentam mutuamente, através de um movimento bidirecional de sedimentos:

  1. Duna (pós-praia): fica acima da linha da maré alta e atua como a principal barreira de amortecimento (buffer) contra tempestades.
  2. Face da praia: é a área exposta durante a maré baixa e coberta na maré alta.
  3. Antepraia (submersa): estende-se da linha da maré baixa até o ponto onde as ondas começam a quebrar.

O vento leva areia da praia seca para a zona submersa, e as ondas trazem o sedimento de volta. A urbanização, ao eliminar a duna para construir casas ou avenidas, remove essa proteção natural, condenando as estruturas costeiras à destruição durante eventos climáticos extremos.

Urbanização e o impacto que se propaga

Pesquisas recentes, incluindo um projeto feito em colaboração com cientistas brasileiros e apoiado pela FAPESP, revelaram que perturbar qualquer uma das três zonas afeta todo o ecossistema.

O estudo analisou a biodiversidade em 30 praias do litoral paulista e mostrou que o aumento do número de frequentadores, a construção de edifícios diretamente na areia e a limpeza mecânica das praias têm um forte impacto negativo.

Defeo destacou que o estresse causado pela presença humana não se restringe ao local onde ele ocorre (na areia seca). Estressores na parte superior da praia afetam negativamente a biodiversidade nas áreas inferiores e submersas, onde a vida marinha é crucial para o equilíbrio ambiental.

Uma pesquisa global liderada por Defeo, que avaliou 315 praias, comprovou que um quinto delas já exibe erosão intensa, extrema ou severa. Diante disso, o cientista uruguaio enfatizou a urgência da colaboração internacional, especialmente entre países que compartilham esses recursos, como Brasil, Uruguai e Argentina, para gerenciar e conservar os ecossistemas costeiros antes que a metade do litoral mundial desapareça.

Inicio