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A gente tinha certeza que a nossa galáxia e Andrômeda iam se bater uma hora ou outra; mas o Hubble viu algo diferente

A maior e mais completa imagem da galáxia vizinha, feita pelo incansável telescópio espacial Hubble, coloca em xeque modelos astronômicos antigos.

Telescópio espacial Hubble astronomia galáxia. Imagem: Xataka
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

A gente sabe que as pontas gasosas da nossa galáxia e da galáxia vizinha estão se tocando, mas não precisa se preocupar. Embora os astrônomos dessem como certa uma fusão da Via Láctea com Andrômeda, agora eles estão em dúvida.

Em resumo, uma equipe de astrofísicos acabou de divulgar o maior retrato de Andrômeda, nossa galáxia vizinha, graças às observações do Hubble. A imagem cobre 600 campos de visão do telescópio espacial e mostra todo o disco de Andrômeda, que agora conta com mais de 200 milhões de estrelas catalogadas (duas ordens de magnitude a mais que as conhecidas até agora).

Embora as bolhas de gás de Andrômeda já estejam roçando a Via Láctea, os novos dados reduzem para 50% a probabilidade de as galáxias colidirem.

Colisão gasosa

Em 2020, o programa AMIGA mapeou 43 quasares de fundo, confirmando que o halo de plasma de Andrômeda, uma bolha de gás quente que mede dois milhões de anos-luz, se sobrepõe ao halo de gás da Via Láctea.

De certa forma, os corpos gasosos de ambas as galáxias já estão se tocando, mas de uma forma tão tênue que nem as estrelas nem os planetas percebem, então não será necessário preencher um relatório de acidente.

Talvez nunca aconteça

A nova imagem de 2,5 gigapixels de Andrômeda, resultado das campanhas de observação PHAT e PHAST do Hubble, não é apenas mais uma proeza do telescópio espacial. Ela serviu para colocar em xeque a teoria de que Andrômeda e a Via Láctea acabarão se fundindo.

A narrativa clássica dizia que as duas galáxias espirais se fundiriam em cerca de 4,5 bilhões de anos, formando uma elíptica gigante. O novo modelo, publicado na Nature Astronomy, reduz a probabilidade de fusão para 50% depois de 100.000 simulações.

Como eles sabem

Os astrônomos da Universidade de Washington integraram os novos dados do Hubble e do telescópio espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia, em suas simulações. Além de Andrômeda e da Via Láctea, eles incluíram a massa atualizada da Grande Nuvem de Magalhães e da M33.

A chave está nessas duas galáxias satélites. A M33 puxa Andrômeda e aumenta a probabilidade de colisão. Mas a Grande Nuvem de Magalhães, com uma órbita quase perpendicular, empurra a Via Láctea para fora do plano e reduz a taxa de encontro. No cenário mais extremo, a colisão frontal ainda é possível; no mais suave, as duas galáxias se limitarão a orbitar uma à outra por eras.

Afinal, em que pé estamos?

O contato dos halos de plasma de Andrômeda e da Via Láctea sugere que a troca de gás entre as duas galáxias já começou, mas isso não garante uma fusão galáctica: os discos ainda estão a 2,5 milhões de anos-luz de distância.

Para que a fusão realmente aconteça, a fricção dos halos teria que frear as galáxias até que a separação fosse de 300 mil anos-luz. Metade das trajetórias simuladas pelo novo estudo descartam essa possibilidade.

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