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Enviar mensagens de WhatsApp para si mesmo é uma ideia que funciona; mas tem um grande “porém”

Essa comodidade está destruindo nossa produtividade real

Guardar tudo no WhatsApp pode ser contraproducente / Imagem: Xataka com Mockuuups Studio
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Relato original de Javier Lacort, do Xataka Espanha.

Há alguns anos, começamos a perceber que muita gente tinha um grupo no WhatsApp com apenas um participante (eles mesmos) e usava esse grupo como bloco de notas pessoal. A prática se espalhou tanto que, em 2022, o WhatsApp passou a permitir enviar mensagens para si mesmo, sem necessidade de grupos falsos.

Isso aumentou ainda mais o hábito de transformar o WhatsApp em um caderno e gestor pessoal de tarefas. A comodidade é inegável: em países como o Brasil, o WhatsApp é usado amplamente e, com um toque, podemos guardar uma ideia fugaz, aquele link importante ou a foto do cardápio do restaurante.

O nível de fricção é mínimo, o acesso é imediato. Por isso funciona bem como solução de emergência, como repositório de conteúdos que serão consultados em pouco tempo e precisam estar à mão. Mas confundimos conveniência com produtividade.

Isso começou como uma solução informal, mas, para muitas pessoas, virou um sistema improvisado de gestão pessoal. Há quem tenha até vários grupos consigo mesmo, organizados por tema: “Ideias”, “Compras”, “Trabalho” (!!)... Uma arquitetura produtiva construída sobre areia.

O WhatsApp é uma boa ferramenta de mensagens, mas não é uma ferramenta de gestão. É um remendo que nos dá a ilusão de controle, não uma solução real. É como tentar fazer uma faculdade usando apenas post-its.

O problema começa porque o WhatsApp transforma tudo em fluxo. Informação que passa, se acumula e se perde no scroll infinito. Não há estrutura, nem hierarquias, nem estados. Uma “tarefa pendente” parece idêntica a uma concluída ou a uma descartada. Ou a um lembrete urgente. Não dá para exportar nada (ou até dá, mas não de forma decente), não há prazos, não existem checklists. É o triunfo da imediatidade sobre a organização, do impulso sobre o método.

A sedução está no fato de eliminarmos a fricção do momento, mas à custa de multiplicá-la exponencialmente depois. Aquele bilhete que você mandou para si mesmo há um mês se perdeu entre memes e links irrelevantes. Aquela ideia brilhante que parecia tão importante agora é apenas uma linha de texto sem contexto em um mar de informações fragmentadas.

Usá-lo como um bloco de notas esporádico faz sentido. Viver nele e acreditar que é um sistema é se enganar, e isso está acontecendo. Aplicamos lógica de mensageria a problemas que exigem gestão. Nenhum cirurgião opera a marteladas. Os sistemas existem por um motivo.

Pode funcionar até certo ponto, e de fato funciona como uma forma rápida de acumular post-its, mas as consequências virão depois, quando precisarmos localizar ou estruturar essas informações.
A comodidade, quando se transforma em dependência, deixa de ser uma vantagem para se tornar uma limitação.

Imagem destacada | Xataka com Mockuuups Studio

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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