Brasil e China uniram forças para criar um laboratório internacional dedicado à pesquisa com luz síncrotron, inaugurado em junho no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP). No local, atuam cientistas do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e pesquisadores do Institute of High Energy Physics, da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim.
O espaço surgiu de um acordo bilateral assinado em 2023 entre a instituição brasileira e representantes do Instituto de Física de Alta Energia (IHEP) da China, como resultado das intenções manifestadas pelos dois países durante a visita do presidente Lula a Pequim no mesmo ano. A iniciativa marca um avanço na cooperação científica internacional e coloca o Brasil de “forma estratégica” em pesquisas de alta complexidade.
O que é luz síncrotron?
A luz síncrotron, segundo o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), é um tipo de radiação eletromagnética muito intensa que os cientistas usam para enxergar o interior dos materiais, como se fosse uma “super lupa”. Ela é formada por vários tipos de radiação (como luz visível, infravermelho e raios X) e revela detalhes muito pequenos de todo tipo de material, até em nível de átomos e moléculas. Com essa luz, é possível estudar objetos e substâncias de forma muito precisa, mesmo enquanto eles passam por mudanças, como aquecimento, pressão ou reações químicas. Ou seja, a luz síncrotron permite que os pesquisadores vejam estrutura molecular e atômica de materiais ou acompanhar como eles se transformam em tempo real, o que ajuda a desenvolver novas tecnologias e avanços em áreas da saúde, energia, meio ambiente e novos materiais.
Laboratório internacional abriga o Sirius, um projeto científico brasileiro
O laboratório internacional em Campinas funciona dentro do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), onde também está instalado o Sirius, considerado o principal projeto científico do Brasil. O Sirius é uma das três fontes de luz síncrotron de quarta geração em operação no mundo e já contribuiu para importantes descobertas científicas, como o mapeamento de proteínas do coronavírus durante a pandemia de Covid-19. Tudo isso é possível porque os elétrons, acelerados quase na velocidade da luz, produzem uma luz muito intensa (a luz síncrotron) usada para os experimentos. Apesar de ser extremamente brilhante, a luz síncrotron é invisível a olho nu e tem um feixe de luz mais fino que o diâmetro de um fio de cabelo.
Laboratório internacional busca avanços em diferentes áreas
A abertura do laboratório nacional no Brasil é uma medida que traz uma série de benefícios para a sociedade. Dentre eles, o laboratório tem como missão formar talentos, promover intercâmbios científicos, troca de conhecimentos e busca por soluções inovadoras para desafios científicos complexos, com potencial de impacto em escala global.
Além disso, segundo Antônio José Roque da Silva, diretor do CNPEM, o acordo de cooperação com a China coloca o Brasil em uma “posição estratégica” no cenário da ciência de ponta, já que o país já opera o Sirius. “Vamos dizer assim, o Brasil está mais à frente porque já tem um síncrotron funcionando e a China em breve vai ter o seu. Então, obviamente, nesse momento há conhecimentos que o Brasil detém que, na parceria, haverá essa troca. Mas a China, por outro lado, tem uma série de outros conhecimentos em outras áreas que essa cooperação permite que a via inversa também ocorra”, explicou.
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