A Time fez uma grande lista para exaltar as pessoas que, para a revista, foram importantes para o clima em 2025. Ela listou 100 pessoas e as separou em líderes, inovadores, titãs, defensores e catalisadores. O Brasil conta com três nomes na lista, dois como líderes e um como catalisador: o Presidente Lula, o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes e o DJ Alok.
Os três brasileiros entre os 100
Para a Time, quando Lula subiu ao palco da COP27, no Egito em 2022, ele soltou a frase que virou uma espécie de slogan emocional para a comunidade climática global: “O Brasil está de volta”. E essa volta não é só simbólica.
Desde que voltou ao Planalto, Lula apertou o cerco contra o desmatamento ilegal e levou a Amazônia a registrar seus menores índices de devastação em mais de uma década. A ideia era simples — e ambiciosa: provar que um país gigante e complexo pode ser, ao mesmo tempo, potência agrícola, polo de energia limpa e guardião de metade das florestas tropicais do planeta. Entre o desmatamento em queda e experimentos de financiamento climático, como o Tropical Forest Forever, um fundo de US$ 125 bilhões para proteger florestas e ainda gerar retorno financeiro, o Brasil começou a mostrar que dá para ser pragmático sem abandonar o sonho. Mesmo que isso envolva polêmicas, como a defesa de novas explorações de petróleo — inclusive perto da Amazônia — algo que Lula justifica como peça de um tabuleiro maior.
Enquanto Brasília tenta equilibrar ideais e o mundo real, o Rio de Janeiro virou laboratório urbano de como adaptar cidades inteiras a um planeta em aquecimento. Eduardo Paes, prefeito já calejado em Copas, Olimpíadas e crises variadas, passou a última década transformando a cidade em um hub climático da América Latina. Foram 150 km de BRT, eletrificação do transporte municipal, cinco novos parques, meio milhão de metros quadrados de áreas verdes instaladas justamente onde o calor castiga mais — e até o primeiro protocolo brasileiro de resposta a ondas extremas de calor. Depois disso, o Rio não só ganhou um sistema público 100% movido a energia limpa, como virou referência global, ajudando a destravar investimentos para outras metrópoles do Sul Global por meio do C40 Cities Finance Facility. Agora, Paes se prepara para co-sediar a C40 World Mayors Summit e o fórum de líderes locais da COP30. Como a revista lembra, isso tudo não é só política urbana: é soft power climático.
E aí entra um terceiro personagem improvável nessa narrativa, mas decisivo para entender o momento do Brasil: DJ Alok. Com bilhões de streams e alcance global, ele poderia simplesmente seguir a vida surfando nos hits — mas escolheu uma rota mais difícil, emocional e profundamente brasileira. Desde uma visita à Amazônia em 2014, quando buscava uma forma de lidar com a própria depressão, Alok passou a enxergar a música não como produto, mas como cura. E foi nas comunidades indígenas que ele encontrou uma nova “banda”: oito povos que co-criaram com ele The Future is Ancestral, álbum indicado ao Grammy Latino de 2024 e que redefiniu, para muita gente, a forma como o país enxerga seus povos originários.
Mais do que elogios, o projeto gerou impacto político real. Todos os royalties foram para as comunidades participantes, e vários dos colaboradores passaram a ocupar espaços de poder — inclusive Sônia Guajajara, que se tornou a primeira ministra indígena do Brasil. Hoje, Alok trabalha com o NATURE, iniciativa da ONU Live, transformando audições musicais em financiamento direto para quem protege a floresta. Como descreve Gabriel Smales, da Sounds Right: “A Amazônia está perdendo sua voz. Alok está ajudando-a a cantar de novo”.
Ou seja, para a Time o Brasil atua em três frentes completamente diferentes — Palácio do Planalto, Prefeitura do Rio e palco dos maiores festivais do mundo — apontando para o mesmo enredo. A revista parece acreditar que, no ano da COP30, o Brasil não está apenas de volta. Ele está, de maneiras improváveis, tentando reescrever o que significa liderar o futuro climático do planeta.
Crédito de imagem: Xataka Brasil
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