70 anos atrás, o mundo conheceu quatro motos que mudaram a história; todas eram japonesas

O Japão ergueu seu império no motociclismo com quatro modelos humildes

Moto / Imagem: Motorpasión
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Há sete décadas, quando o Japão ainda era um país em reconstrução e as estradas eram pouco mais que faixas de poeira, ninguém imaginava que aquele arquipélago acabaria dominando o mundo do motor.

Muito antes de surgirem as superbikes, muito antes de Honda, Yamaha, Suzuki e Kawasaki se tornarem sinônimo de engenharia e competição, houve quatro máquinas pequenas, barulhentas e, em alguns casos, quase improvisadas. Quatro primeiras vezes que foram o alicerce de tudo o que veio depois.

As pioneiras

A Honda abriu o caminho em 1949 com a Dream D-Type, uma moto que, já naquela época, parecia vir de outro lugar. Até então, Soichiro Honda havia passado a guerra fabricando motores auxiliares para bicicletas, mas aquela pequena 98 cc de dois tempos marcou um antes e um depois: chassi estampado em aço, suspensão telescópica e uma embreagem semiautomática que antecipava a filosofia prática da futura Super Cub.

Ela não ficou muito tempo no mercado, mas deixou algo mais importante que os números de vendas: a certeza de que a Honda queria fabricar motocicletas de verdade. E que sabia por onde começar.

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Enquanto isso, a Suzuki trilhava outro caminho. Sua primeira incursão no mundo das motos não foi realmente uma moto, mas sim a Power Free de 1952, uma bicicleta com um motorzinho de 36 cc, tão leve quanto engenhoso. Ela tinha três modos de uso: pedalar com assistência, pedalar sem ela ou deixar que o motor fizesse todo o trabalho. Um conceito simples que se encaixou perfeitamente em um país que buscava mobilidade barata e acessível.

A Power Free foi um sucesso quase imediato e abriu para a Suzuki um caminho sem volta. Um ano depois, chegou a Diamond Free e, com ela, as primeiras vitórias esportivas. Do chassi de uma bicicleta ao Monte Fuji em doze meses. O Japão tinha pressa.

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A Yamaha apareceu poucos anos depois com algo totalmente diferente. Era 1955 e sua primeira moto, a YA-1, parecia mais uma declaração artística do que um veículo. Vermelha, elegante, com acabamento muito acima do habitual e um motor de 123 cc que soava como se quisesse provar algo. Apelidaram-na de “libélula vermelha” e, embora fosse cara, justificou isso desde o primeiro dia.

Venceu no Monte Fuji, arrasou em Asama e deixou claro que a Yamaha não sabia apenas construir instrumentos musicais: sabia interpretar a competição como ninguém. Aquela moto definiu para sempre o ADN esportivo da marca.

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A Kawasaki chegou por último, em 1962. Há décadas, já fabricava barcos, trens e máquinas pesadas, mas nunca tinha tentado uma motocicleta. Sua primeira criatura foi a B8 125, um modelo simples, robusto e mais resistente do que refinado. O que ela tinha, porém, era personalidade: onze cavalos a 8000 rpm e uma confiabilidade que encantou um país que ainda dependia da moto para tudo.

Da B8 nasceu a primeira moto de motocross da Kawasaki, a B8M de tanque vermelho. Outro sinal de que as quatro irmãs japonesas estavam destinadas a ocupar cada canto do mundo do motor, da rua aos circuitos.

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Vistas de hoje, essas quatro primeiras motos parecem quase brinquedos quando comparadas às superbikes de 200 cv, às tecnologias eletrônicas e à sofisticação que associamos ao Japão. Mas, sem elas, nada do que veio depois teria existido. Eram básicas, barulhentas e limitadas, sim. Também eram necessárias. Porque cada uma, à sua maneira, colocou a primeira pedra de um império industrial que acabaria mudando a história das duas rodas.

Ao ligar hoje uma Fireblade, uma Ninja, uma GSX-R ou qualquer Yamaha moderna, existe um fio invisível que conecta esse som aos primeiros batimentos do pós-guerra. Quatro motos que nasceram para sobreviver e terminaram construindo uma lenda.

Imagens | Honda, Suzuki, Yamaha, Kawasaki

Este texto foi traduzido/adaptado do site Motorpasión.


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