Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade do Pampa (Unipampa) fizeram uma descoberta surpreendente: eles identificaram no Rio Grande do Sul uma alta concentração de elementos terras raras em rochas e solos. Para se ter uma ideia do quão impressionante é essa descoberta, o tamanho concentração desses elementos encontrados no Brasil é 12 vezes maior do que os dos solos de Cuba e até 6 vezes maior em relação aos solos chineses. Entenda a seguir o que essa descoberta significa
O que são terras raras?
Mas afinal, o que são elementos terras raras (ETRs)? Também chamados de metais de terras raras, o termo refere-se a um grupo de 17 elementos químicos com propriedades parecidas entre si. Mas o mais empolgante nesses elementos é que suas propriedades químicas e físicas permitem que eles sejam utilizados em diversas aplicações, desde aparelhos eletrônicos a energias renováveis.
Apesar de serem chamados de “raros”, esses elementos não são tão difíceis de achar assim. Pelo contrário, os ETRs são abundantes na natureza. O problema é que separar e refinar esses minerais em óxidos, formato a qual são comercializados, não é algo tão simples assim. Esse é um processo desafiador que envolve várias etapas, como a dissolução do minério, a extração seletiva com solventes e a purificação final. Além dessa dificuldade, esses minerais geralmente são encontrados em baixas concentrações, o que faz com que eles sejam difíceis de serem identificados e extraídos, especialmente em quantidades economicamente viáveis.
Veja quais são os elementos terras raras:
- lantânio (La)
- Cério (Ce),
- Praseodímio (Pr)
- Neodímio (Nd)
- Promécio (Pm)
- Samário (Sm)
- Európio (Eu)
- Gadolínio (Gd)
- Térbio (Tb)
- Disprósio (Dy)
- Hólmio (Ho)
- Érbio (Er)
- Túlio (Tm)
- Itérbio (Yb)
- Lutécio (Lu)
- Escândio (Sc)
- Ítrio (Y)
Pesquisadores encontraram no Brasil alta concentração de elementos de terras raras em rochas e solos
A descoberta aconteceu na região da Caçapava do Sul, durante uma expedição financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que seguirá até dezembro de 2026. Mas o que eles têm de tão especiais? Esses elementos se destacam por possuírem propriedades como magnetismo, luminescência, resistência mecânica e alta tolerância a temperaturas extremas, além de serem resistentes à desmagnetização. Por isso, são essenciais para a produção de motores elétricos, sensores de posição e velocidade, discos rígidos, dispositivos eletrônicos avançados e até turbinas eólicas.
O estudo foi conduzido na região central do Rio Grande do Sul, liderado pelo professor Marcelo Barcellos da Rosa, do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A equipe identificou rochas de carbonatito com grande concentração de terras raras, além de minerais como nióbio e tântalo, que também são importantes para a indústria.
Na pesquisa, a UFSM coordena a coleta e análise de amostras de solo, vegetação e água, enquanto a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) é responsável pela caracterização mineralógica e geológica e a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) na identificação de áreas e avaliação do impacto ambiental sobre a fauna.
Brasil é o segundo país do mundo em concentração de terras raras

O Brasil está na segunda posição entre os países com maior concentração de terras raras no mundo. Ele concentra cerca de 23% das reservas mundiais de terras raras, ficando atrás apenas da China. As principais reservas de terra raras estão associadas, principalmente, a rochas alcalinas-carbonatíticas, em estados como Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Amazonas. Entre as áreas mais conhecidas estão Araxá, Poços de Caldas e Tapira (MG); Catalão e Minaçu (GO); Jacupiranga e Itapirapuã (SP); e Pitinga (AM).
Apesar de ter uma das maiores reservas globais, o país ainda não está entre os principais produtores e exportadores de terras raras, e boa parte das iniciativas de extração depende de capital estrangeiro. Hoje, a China domina o setor: é responsável por mais de 60% da produção e quase 90% do refino mundial desses minerais, essenciais para indústrias eletrônicas, automotivas, de defesa e de energia limpa.
Ver 0 Comentários