Na última segunda-feira (20), a Petrobras deu início à perfuração do poço Morpho, localizado no bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas, no exato dia em que o Ibama concedeu a licença de operação para a atividade. A área, situada a cerca de 175 km da costa do Amapá, é considerada uma das novas fronteiras do petróleo brasileiro. Segundo nota do Ibama, a autorização foi emitida após um rigoroso processo de licenciamento ambiental que envolveu estudos, audiências públicas e simulações de emergência. Já a Petrobras afirma que a exploração é estratégica para garantir a segurança energética do país e apoiar uma “transição energética justa”.
Petrobras inicia perfuração no momento exato da liberação
A Petrobras comunicou ao Ibama que a perfuração começou no dia 20 de outubro, no mesmo dia da emissão da Licença de Operação. O Ibama confirmou o início da atividade, ressaltando que a estatal cumpriu a condicionante que exigia comunicação formal sobre o início da operação. O ofício do Ibama indica que a licença foi assinada às 12h14 daquele dia. A Petrobras, que já mantinha a sonda posicionada no local desde agosto, realizando testes e simulados de emergência, iniciou a perfuração logo após a liberação. Essa “coincidência” temporal chamou atenção pelo grau de prontidão da empresa, que afirma ter seguido todas as exigências legais e ambientais antes de perfurar o solo marítimo.
Onde será a perfusão?
O poço Morpho está localizado em mar aberto, a cerca de 500 km da foz do rio Amazonas e 175 km da costa do Amapá, em uma região chamada Margem Equatorial. A bacia é vista como uma das principais apostas do país para reposição energética, com potencial estimado de até 10 bilhões de barris de petróleo, segundo o Ministério de Minas e Energia. No entanto, o início dessa operação é apenas exploratória, ou seja, ainda não há produção de petróleo. A Petrobras busca avaliar o potencial comercial da área e coletar dados geológicos para futuras fases de desenvolvimento. A perfuração deve durar cerca de cinco meses, e novas licenças ambientais serão necessárias para qualquer avanço à etapa de produção.
Entenda as exigências e o impacto da obra
Segundo nota publicada pelo Governo Federal, o Ibama só autorizou a operação após um processo rigoroso de licenciamento ambiental, que incluiu Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), audiências públicas em mais de 20 municípios do Pará e do Amapá e 65 reuniões técnicas.
Entre as exigências impostas à Petrobras para o início da perfuração, estão a criação de um novo Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) em Oiapoque (AP), que se soma ao já existente em Belém (PA), além do uso de embarcações especializadas para resgate de fauna e resposta a emergências. O Ibama também determinou 34 condicionantes ambientais e investimentos de R$39,6 milhões em compensações ambientais.
Essas medidas, segundo a nota do Ibama, foram fundamentais para a viabilização ambiental da atividade, considerando a sensibilidade ecológica da região amazônica. Durante as atividades, será realizado ainda mais um simulado de emergência, voltado à resposta em caso de acidentes.
Quais são os riscos envolvidos por trás da perfuração da foz
Apesar das garantias técnicas, o projeto gerou reação de entidades ambientais e especialistas. O Observatório do Clima classificou a autorização como uma “dupla sabotagem à COP30 e ao clima”, criticando a expansão da exploração fóssil em uma região de alta biodiversidade.
Um dos pontos mais discutidos no processo foi a capacidade de resposta em caso de vazamento de óleo. O parecer técnico do Ibama indicou que o barco principal de apoio, sediado no Pará, levaria até 55 horas para chegar ao local da perfuração, mas a Petrobras garantiu que uma embarcação mais ágil poderia fazer o primeiro atendimento em até 26 horas.
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