Ucrânia abriu mísseis russos e encontrou o impensável: o cérebro das armas vem de três gigantes dos EUA

Empresas estariam, mesmo que indiretamente, fornecendo recursos para ataques

Drones russos | Fonte: Getty Images
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
vika-rosa

Vika Rosa

Redatora
vika-rosa

Vika Rosa

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência, cobrindo os mais diversos temas. Apaixonada por ciência, tecnologia e games.


108 publicaciones de Vika Rosa

Gigantes de tecnologia dos Estados Unidos, como Intel, AMD e Texas Instruments (TI), estão no centro de um processo judicial explosivo movido por dezenas de civis ucranianos.

As ações, protocoladas no Texas, acusam as empresas de negligência por falharem no rastreamento de seus chips, que estariam sendo usados para alimentar drones e mísseis russos e iranianos, resultando em mortes e ferimentos.

Os ucranianos alegam que, ao longo dos anos, essas empresas ignoraram avisos públicos e pressões de acionistas para fortalecer o controle da cadeia de suprimentos e fechar canais de distribuição obscuros que desviam os componentes para atores sancionados na Rússia e no Irã.

Fornecimento sem rastreio

A equipe jurídica dos ucranianos afirma que as empresas de chips têm priorizado o lucro em detrimento da segurança, mantendo canais de alto risco. 

Para que intermediários pudessem fazer grandes pedidos online, bastava apenas marcar uma caixa, confirmando que o envio não seria feito para países sob sanções.

O advogado principal, Mikal Watts, criticou a falta de rigor: "Eles confiam em uma caixa de seleção que diz: 'Não estou enviando para Putin.' É isso. Nenhuma fiscalização. Nenhuma responsabilidade." Segundo as ações, a TI teria até mesmo rejeitado recomendações internas para fortalecer o compliance, alegando que a rastreabilidade completa era "inalcançável".

Chips, as "direções de carro" das armas

Os civis ucranianos detalham no processo cinco ataques nos quais armas contendo esses chips foram usadas, incluindo o ataque de julho de 2024 ao maior hospital infantil de Kyiv. Para eles, a Rússia não conseguiria atingir seus alvos sem esses componentes.

Os chips são considerados o "cérebro" de sistemas de armas modernos, como mísseis de cruzeiro e drones, e sem eles, "mísseis e drones não fazem sentido", comparou Watts.

A Intel, em resposta, afirmou que suspendeu todos os envios para a Rússia e Belarus, mas admitiu que nem sempre pode controlar ou rastrear produtos de uso geral que são vendidos por distribuidores e acabam contornando as sanções.

O objetivo do processo é responsabilizar empresas

Os demandantes buscam indenizações para cobrir custos médicos e despesas funerárias, mas o principal objetivo é enviar uma mensagem clara: forçar as empresas americanas a assumir responsabilidade quando suas tecnologias são usadas para cometer danos e sofrimento generalizado.

As acusações são baseados em relatórios que indicam que até 82% dos drones russos encontrados na Ucrânia usavam componentes fabricados nos EUA, incluindo peças da TI e da AMD. 

O advogado Watts espera que o litígio force as empresas a tornar o processo de evasão de sanções "tão caro e doloroso" que os fornecedores sejam obrigados a agir.

Inicio