Eles mudaram a forma de limpar casas, mas não aguentaram a concorrência e agora entraram com pedido de falência

A iRobot, criadora do Roomba, recorre à proteção judicial para sobreviver em um mercado que ela mesma ajudou a criar

Crédito de imagem: Xataka Brasil
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João Paes

Redator
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João Paes

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Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

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Por muito tempo, dizer “robô aspirador” foi praticamente o mesmo que dizer Roomba. Desde o início dos anos 2000, a iRobot não apenas popularizou a ideia de um robô limpando a casa sozinho, como transformou isso em um símbolo de futuro doméstico acessível. Agora, mais de duas décadas depois, a empresa que inventou essa categoria entra em um capítulo inesperado da própria história: o pedido de falência.

A iRobot anunciou que entrou com um processo de Chapter 11 nos Estados Unidos, um mecanismo de recuperação judicial que permite reorganizar dívidas enquanto a empresa continua operando. Na prática, é uma tentativa de ganhar fôlego em um mercado que ficou agressivo demais até para quem chegou primeiro. O plano envolve a venda da companhia para a Picea Robotics, fabricante chinesa que já produzia os Roombas de forma terceirizada.

A notícia soa alarmante — especialmente para quem tem um aspirador inteligente conectado à nuvem —, mas a empresa insiste que os consumidores não serão afetados. Segundo a iRobot, aplicativos, servidores, suporte técnico e até o lançamento de novos produtos seguem funcionando normalmente durante o processo. A promessa é clara: seu Roomba não vai virar um peso de papel.

Crédito de imagem: Divulgação O primeiro aspirador da Roomba foi lançado em 2002 e foi uma revolução no mercado.

O contraste com outros casos recentes ajuda a entender o alívio. O fechamento da Neato, por exemplo, transformou robôs aspiradores inteligentes em dispositivos praticamente burros, sem acesso a recursos avançados. Aqui, o discurso é outro. A Picea deve assumir o controle total da operação, mantendo a infraestrutura viva enquanto a crise financeira será tratada.

Mas o pedido de falência não surgiu do nada. A iRobot sentiu o baque de vários lados ao mesmo tempo. A concorrência de marcas chinesas como Roborock e Ecovacs forçou uma guerra de preços brutal. Ao mesmo tempo, tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos fabricados no Vietnã — onde a empresa produzia boa parte dos modelos — adicionaram dezenas de milhões de dólares em custos extras. Some a isso o fracasso da venda para a Amazon, barrada por reguladores antitruste, e uma dívida pesada contraída para sobreviver à espera desse acordo.

O resultado é um retrato duro da tecnologia moderna: inovar primeiro não garante vencer para sempre. A iRobot começou uma revolução que mudou a forma como limpamos nossas casas, mas acabou engolida por um mercado mais rápido e, geralmente, bem mais barato. Resta saber se, sob o novo comando, ela conseguirá limpar essa crise.


Créditos de imagens: Xataka Brasil, Divulgação


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