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Veja o ranking do preço médio do Mbps em cada país do mundo; Emirados Árabes Unidos têm a internet mais cara

País árabe é exemplo de por que a falta de concorrência e o domínio absoluto do estado prejudicam a experiência dos usuários

Custo do Mbps / Imagem: Visual Capitalist
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Acessar a internet é uma necessidade. Em um mundo cada vez mais conectado, no qual confiamos praticamente todos os aspectos de nossa vida a aplicativos online, ter boa cobertura e velocidade tornou-se algo imprescindível. De fato, um “apagão” de servidores, como o que ocorreu recentemente com os da AWS, demonstra o quanto dependemos dessa conexão. No entanto, embora a internet seja algo global, existe uma enorme desigualdade digital.

A ponto de algumas pessoas pagarem apenas um centavo por Mbps (megabit por segundo), enquanto outras chegam a gastar mais de 23 reais pela mesma quantidade.

O gráfico

Custo

Com dados da We Are Social, o gráfico elaborado pelo site Visual Capitalist compara o preço do megabit por segundo, ou Mbps, em mais de 60 países em 2025. Antes de comentar casos individuais — e eles são bastante chamativos —, é importante dizer que o preço médio mundial do Mbps gira em torno de 45 centavos de dólar (R$ 2,42).

Como podemos ver nos dados, há países acima e abaixo desse valor que distorcem completamente essa média. E algo importante a entender é que o preço da internet depende da infraestrutura e da densidade populacional (é caro levar internet de banda larga a populações remotas), mas também de fatores como a concorrência e as políticas fiscais.

O caso dos Emirados Árabes Unidos

Os Emirados Árabes Unidos exemplificam perfeitamente esses dois últimos pontos. Quase parece inacreditável, mas o preço do Mbps no país supera os 23 reais. Os dados da We Are Social o colocam em 4,31 dólares (R$ 23,16) por Mb/s, quase o dobro do valor pago no segundo país mais caro: Gana, com 2,58 dólares (R$ 13,86) por Mb/s.

Em média, um emiradense paga entre R$ 537 e R$ 752 apenas para ter internet, e a grande pergunta é: o que está acontecendo para que isso seja assim? A resposta: política e concorrência. Nos EAU, existem apenas duas empresas que fornecem o serviço, então essa falta de concorrência real significa que não há necessidade de reduzir o preço. Quer internet? Ou paga, ou fica sem.

Além disso, há o fator político. O governo obriga os operadores a transferirem até 30% de seus lucros para os cofres do país, algo que impacta diretamente o preço final na conta do consumidor. A velocidade não é ruim (uma média de 300 Mbps), mas é evidente que o preço é proibitivo para muitos, podendo gerar a mencionada desigualdade digital.

O segredo romeno

No lado oposto do espectro, temos os países da Europa Oriental. Os preços médios para fibra óptica na Romênia giram em torno de R$ 62,50, e o preço do Mb/s é de apenas 0,01 dólar (R$ 0,05). Rússia e Polônia não ficam muito atrás, e o que provocou isso é justamente o oposto do que acontece nos EAU.

Após a queda do comunismo, dezenas de operadoras privadas começaram a implementar redes de fibra óptica descentralizadas. Aproveitando a infraestrutura de cabos comunitários em cidades e prédios, solucionou-se o problema do “último quilômetro”, permitindo oferecer internet a uma grande quantidade de pessoas com custos mínimos. Estima-se que quase 90% dos lares romenos possuem internet de alta velocidade. A operadora DIGI exportou essa “política” para fora de suas fronteiras, oferecendo os desejados 10 Gbps pelo preço de 1 Gbps em países como a Espanha.

É interessante observar quais são os países cujo preço do Mbps supera um dólar. De fato, esses países exemplificam perfeitamente todos os elementos que influenciam o custo de uma conexão barata:

  • Suíça: o preço médio é de 2,07 dólares (R$ 11,12) por Mbps, devido ao domínio de uma única operadora e à estrutura salarial do país — salários altos significam custos de manutenção elevados.
  • Quênia: em média, cerca de 1,54 dólar (R$ 8,27) por Mbps, devido à infraestrutura de fibra deficiente, que faz o país depender de tecnologias como Starlink e os balões do Google. No entanto, a concorrência vem aumentando gradualmente.
  • Marrocos: seu 1,16 dólar (R$ 6,23) se explica por uma infraestrutura desigual e apenas três empresas dominando o mercado.
  • Austrália: com 1,33 dólar (R$ 6,98) por Mbps, entra em jogo a geografia extremamente dispersa, com áreas rurais muito afastadas umas das outras.
  • Alemanha: gira em torno de 1 dólar (R$ 5,37) por Mbps e não possui a conexão mais rápida da Europa, nem de longe. Na verdade, trata-se de uma situação paradoxal, sendo uma potência europeia, mas com uma relação custo/velocidade pior que a de seus vizinhos. Motivo? Uma grande operadora domina o setor e a infraestrutura é antiga, com muitas áreas ainda utilizando o cobre como padrão.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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