Custa R$ 1.400 por mês para usar a IA mais avançada. Esse é o valor que o Google colocou. Há seis meses, a OpenAI fixou em cerca de R$ 1.120. Dias atrás, a Anthropic ampliou os limites do Claude por mais R$ 1.120. Em todos os casos, não é só pagar por tecnologia. É pagar por poder e, com isso, aumentar a distância.
Até pouco tempo, falar de IA era falar de acesso universal. As versões gratuitas do ChatGPT ou do Gemini ficavam longe das mais avançadas, é verdade, mas permitiam experimentar, aprender e aproveitar um pouco de suas capacidades. Hoje isso mudou.
A versão realmente potente já não está ao alcance de todos. Foi encapsulada em uma assinatura mensal de três dígitos que nem sequer começa com “1”. É o início de uma nova brecha: não entre quem usa IA e quem não usa, mas entre quem pode automatizar tarefas, pensar com apoio, executar fluxos complexos… e quem não pode.
O que Google ou OpenAI oferecem não é só um chatbot melhor. É um sistema operacional do trabalho intelectual. Um assistente que não apenas responde, mas entende o contexto, lembra, age, gera e automatiza.
Ferramentas como o Deep Research (da OpenAI) ou o Project Mariner (do Google) marcam o passo decisivo rumo aos agentes autônomos. Elas executam tarefas que antes levavam dias de trabalho humano. E em muitos casos fazem isso até melhor. Com isso, a produtividade é redefinida. Mas a desigualdade também.
A questão não é só o que essa tecnologia pode fazer, mas quem pode ter acesso a ela. Porque não estamos falando de um luxo. Estamos falando de uma ferramenta que multiplica o rendimento de quem a usa. Uma vantagem invisível, mas que impacta tudo: da qualidade do trabalho à velocidade com que os objetivos são alcançados.
Quem tem acesso a esses modelos vive em outra curva de aprendizado, em outra economia de resultados. Quem não pode pagar fica preso a uma versão mais lenta, menos capaz e mais limitada de si mesmo.
Isso tem um paralelo claro na história: as máquinas da Revolução Industrial também multiplicaram a produtividade, mas no início apenas para quem podia arcar com elas. O mesmo acontece agora.
A IA avançada começa a se consolidar como uma infraestrutura de elite. Como se, no início do século, a internet estivesse disponível apenas para quem pudesse pagar R$ 18 mil por ano.
E isso muda o mapa do conhecimento
Porque essas ferramentas não apenas informam: elas moldam a forma como se aprende, como se decide, como se compete. Seu efeito não é imediato nem visível, mas é acumulativo. Dia após dia, quem tem acesso a elas trabalha com menos atrito, toma decisões melhores, delega mais tarefas e gera mais — e melhor — conteúdo.
Os outros apenas observam, no máximo com acesso ao que é bom, mas não ao que é melhor. E acabam ficando para trás.
O futuro já tem preço.
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