Passei 4 horas em Anno 117 e agora o Império Romano vive na minha cabeça

  • Anno 117 deixou claro, já nas primeiras impressões, que vem com tudo.

  • As melhorias e mudanças nas mecânicas prometem uma revolução dentro da franquia da Ubisoft.

Anno 117. Imagem: 3DJuegos
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Apesar da febre do “Império Romano” em 2023 ter provado que a ideia de pensar na Roma Antiga todo dia era mais um meme cultural do que uma verdade científica, nas últimas semanas essa frase grudou na minha cabeça.
Depois de passar 4 horas testando Anno 117: Pax Romana, pensar no próximo jogo de estratégia da Ubisoft virou quase um hábito.

Não é só porque essa é a franquia que mais me roubou horas em toda a minha vida de gamer. É que, sem exagero, Anno 1800 talvez seja o meu jogo favorito de todos os tempos. Dá pra dizer que tô tão empolgado com a próxima aventura — o Anno 117: Pax Romana, que chega em 2025 — que, sinceramente, já ficaria feliz se fosse só um “mais do mesmo”, mas com melhorias. Talvez por isso todas as mudanças propostas tenham me deixado ainda mais animado.

Um jogo de estratégia que virou obsessão

Pra quem nunca se aventurou na franquia — ou nunca jogou o inesquecível Anno 1800 — vou tentar resumir rapidinho por que ele se tornou tão amado. A base do jogo é construir cidades e focar na gestão estratégica de recursos. A ideia é criar uma cidade o mais perfeita e produtiva possível, enquanto você acompanha o desenvolvimento dos moradores.

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Quando todas as necessidades básicas deles estão atendidas, você pode levá-los a um novo nível — o que, claro, traz novas demandas e abre novas possibilidades pra atendê-las.

Nesse ciclo quase infinito de adicionar mais e mais recursos e possibilidades, o jogo se transforma numa experiência incrivelmente viciante e desafiadora — daquelas que é difícil largar.

Com ainda mais opções chegando em forma de novos conteúdos e regiões com mecânicas próprias, a equipe por trás da série Anno acertou em cheio numa fórmula poderosa que, mais cedo ou mais tarde, te obriga a desinstalar o jogo.
Mas não porque ele seja ruim — muito pelo contrário. Quando você percebe que um jogo desse tipo tá começando a tomar conta da sua vida, é sinal de que ele é realmente bom.

No Anno 117: Pax Romana, a estratégia era clara: trocar a conquista do Novo Mundo pelo Império Romano — e substituir os contrastes entre a Velha Europa e o colonialismo pelas tensões da Roma Antiga e a ocupação das terras celtas.

Com uma mudança estética e algumas firulas a mais, muita gente já teria ficado satisfeita. Mas estava claro que a Ubisoft queria ir além.

Dias atrás, pude mergulhar por quatro horas na construção do meu próprio Império Romano — com coliseus e aquedutos no pacote — e confirmar que a mudança visual era tão promissora quanto eu esperava.

Mas, enquanto esperava pra entender o que mais estava por trás dessa nova roupagem de Anno 117: Pax Romana, acabei encontrando o verdadeiro Santo Graal da nova fase do jogo: a flexibilidade.

A carta na manga de Anno 117: Pax Romana

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A gente já comentou sobre o famoso ciclo da franquia, em que você precisa atender a certas necessidades antes de conseguir evoluir seus cidadãos de nível. Até agora, a lógica era clara: só dava pra subir a população de categoria depois de suprir todas as necessidades básicas. E, se você quisesse deixá-los mais felizes e aumentar a geração de renda, aí sim entravam algumas opções extras.

Grande parte do desafio da série sempre esteve nesse equilíbrio entre atender a todos e expandir de forma eficiente.

Primeiro, porque criar mais indústrias — e maiores — também significa custos mais altos e mais riscos. Segundo, porque o espaço na sua ilha é limitado. E isso coloca um teto pro seu crescimento inicial. Soma aí o fato de que nem todas as ilhas têm o tipo certo de solo pra cultivar certos alimentos ou extrair determinados minérios. Ou seja, mais cedo ou mais tarde, expandir se torna uma necessidade — e uma baita responsabilidade.

A lógica de Anno 117: Pax Romana continua a mesma — mas o jogo propõe uma revolução na forma como as cidades consomem recursos. Além de mais flexibilidade, esse novo sistema traz uma camada generosa de profundidade nas suas escolhas e na gestão dos recursos.

Antes, pra subir um grupo de cidadãos de nível, você precisava oferecer dois tipos de comida e dois de roupa. Agora, basta um item de cada categoria pra fazer esse upgrade. Ou seja, se a sua ilha não tem espaço pra dois tipos de plantação ou você não quer abrir mão daquele terreno valioso, ainda assim é possível continuar progredindo.

Essa flexibilidade permite, por exemplo, adiar a expansão para manter a economia sob controle — ou tomar decisões táticas dependendo das demandas do momento. Em vez de seguir uma lógica genérica de “mais felicidade = mais dinheiro”, agora cada produto oferece benefícios concretos e mensuráveis. Um tipo de alimento pode te dar +1 ponto de população, enquanto outro gera +2 de receita. Ter os dois é o cenário ideal, claro.

Mas se não der, o jogo te força a pensar estrategicamente: qual vai ser o seu próximo passo?

Anno 117 é o meu Império Romano

É justamente nesse aprofundamento da experiência — na possibilidade de personalizar o seu Império Romano até o último detalhe — que Anno 117: Pax Romana parece ter apostado todas as fichas. Não se trata mais de deixar o jogo “com a sua cara” apenas com skins de casas ou itens decorativos superficiais, mas de tornar essa singularidade algo orgânico, que realmente influencia a forma como você joga e vive o mundo do jogo.

O sistema de construção com curvas e ângulos de 45 graus ainda está longe da naturalidade que a gente vê em outros títulos do gênero — e pode até parecer um detalhe bobo pra quem nunca jogou a franquia — mas, dentro da série Anno, é um salto tão grande que fica impossível não sonhar com o que as novas grades de construção e guias de otimização podem trazer nos próximos meses.

Se você nunca caiu nesse buraco sem fundo, eu recomendo com força: vale cada segundo.

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Some a isso os novos atributos do jogo — uma série de buffs e nerfs que podem alterar diretamente as possibilidades da sua cidade, dependendo dos edifícios construídos. Uma padaria, por exemplo, pode aumentar a felicidade dos moradores ao redor com o cheirinho de pão fresco, mas também eleva o risco de incêndios na região. Quando você inclui também melhorias na geração de renda, cada novo prédio vira uma decisão estratégica: equilibrar prós e contras na hora de posicionar estruturas leva aquelas mesmas grades do mapa a um novo nível de profundidade.

O time da Ubisoft por trás de Anno 117: Pax Romana quer levar esse princípio a todos os aspectos possíveis do jogo — incluindo os navios modulares, que agora terão opções customizáveis para alterar velocidade, capacidade de carga ou poder de ataque, dependendo do que você precisar em cada momento.

Desde decidir como você vai conduzir suas pesquisas em uma extensa árvore de habilidades até escolher quais deuses vai honrar em cada uma das suas ilhas, tudo em Anno 117: Pax Romana gira em torno de escolhas com peso real. E aquela conquista dos povos celtas que mencionamos lá no começo também entra nessa equação: você poderá espalhar a cultura romana por todos os cantos à força — com poder militar — ou, se preferir, respeitar as tradições locais e tirar proveito do que essa abordagem alternativa pode oferecer.

Infelizmente, ainda não conseguimos explorar o que mais vem por aí nessa nova entrega — por enquanto, só chegamos à criação do famoso cimento romano e à construção de aquedutos, que seguem uma lógica bem parecida com a dos trens em Anno 1800.

Mas, com certeza, esse já é mais um motivo pra ficar na expectativa… e, pra nossa sorte (ou azar), mais uma razão pra pensar no Império Romano pelo menos uma vez por dia.

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