Os Estados Unidos se perguntavam como a China avançou tanto em chips; Huawei e Xiaomi são a resposta, com um desenvolvimento massivo

  • Como a China avança em chips apesar dos vetos dos EUA? A resposta está na escala.

  • Huawei constrói fábricas gigantescas e Xiaomi mobiliza milhares de engenheiros.

Produção de chips na China. Imagem: Composición con imágenes de Free Malaysia Today y PICRYL
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

As tensões geopolíticas entre Estados Unidos e China aumentaram após os bloqueios americanos à Huawei e continuaram limitando sua indústria de semicondutores. Diante dessa situação, a China não recuou – pelo contrário, fez avanços significativos no campo dos chips avançados. Agora, sob o segundo mandato de Trump, o país se perguntava como a Huawei conseguiu ressuscitar seus smartphones 5G com chips próprios fabricados pela SMIC.

Em teoria, as restrições aos equipamentos de litografia impediam o avanço do país asiático, mas lá estava a Huawei com um processador de ponta. Tanto o gigante da eletrônica quanto a popular Xiaomi se aventuram no campo dos semicondutores modernos, sendo prova de um desenvolvimento custoso, engenhoso e, acima de tudo, massivo.

Huawei na liderança: um investimento colossal em resposta aos bloqueios

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Os bloqueios dos EUA forçaram a China a se reinventar: sem acesso à tecnologia norte-americana, era impossível avançar, tanto em software quanto em outras áreas fundamentais, como hardware e semicondutores. No entanto, em vez de se resignar, o país asiático impulsionou sua indústria de chips, com Huawei e SMIC como principais forças.

Agora, imagens de satélite revelaram o impressionante avanço da China no setor de chips avançados: em apenas três anos, foram construídas instalações de grande porte com as quais a Huawei busca não apenas substituir a Qualcomm, mas também a ASML (fabricante de equipamentos) e, claro, a Nvidia no campo da IA.

A magnitude das novas fábricas ligadas à Huawei e parceiros diretos como a SMIC representa um investimento de bilhões de dólares. Trata-se de um desenvolvimento massivo, que, na China, precisou ser extremamente rápido. Dessas instalações saíram os polêmicos chips Kirin: tanto o Kirin 9000S quanto seus sucessores, Kirin 9010 e 9020, foram produzidos após os bloqueios e permitiram o retorno dos smartphones 5G da Huawei.

O objetivo é claro: a autossuficiência.

A meta da China, e consequentemente da Huawei, é reduzir a zero a dependência estrangeira nesse componente crítico. Essa estratégia se alinha com o plano nacional chinês, que prepara o país para dominar as grandes áreas tecnológicas no futuro.

A Xiaomi pode seguir o exemplo

As instalações de semicondutores na China são impressionantes, mas a Huawei não é a única interessada em fabricar seus próprios chips. A popular Xiaomi também está desenvolvendo seu próprio processador, que provavelmente será sua saída estratégica em caso de bloqueios que possam afetá-la no futuro.

O Xiaomi Xring representa um salto estratégico: trata-se de um movimento importante, com pelo menos 1.000 funcionários envolvidos. E isso sem ser uma resposta a sanções diretas, já que a Xiaomi ainda pode operar sem restrições com empresas americanas.

No entanto, é uma aposta de longo prazo, que também dará ao fabricante a capacidade de controlar tanto o design quanto a fabricação, garantindo assim mais autonomia. A "escala massiva" não se mede apenas pelo tamanho das instalações, mas também pelo investimento em capital humano: mil engenheiros dedicados ao design de chips representam um investimento significativo.

Seja investindo em fábricas ou em talento e design, o objetivo subjacente é o mesmo, alinhado a uma diretriz nacional: alcançar independência no setor estratégico de semicondutores. Vale lembrar que, no passado, outras empresas como a Oppo também projetaram chips, mas sem avançar para a fabricação.

Agora, se a Xiaomi conseguir sucesso com seu próprio SoC, isso pode marcar o início para que outras marcas chinesas também se lancem em suas próprias jornadas no campo dos semicondutores. A China tem força para isso.

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