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Cérebro de micro-ondas: cientistas criam chips mentais que se comunicam com IA

Chip experimental processa dados e transmite sinais sem fio a gigahertz

Chip nas mãos de alguém. Creditos: Cornell University
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Cientistas da Cornell University, nos Estados Unidos, desenvolveram um microchip de baixo consumo de energia que consegue realizar tarefas de inteligência artificial utilizando a física dos micro-ondas. Apelidado de “cérebro de micro-ondas”, o chip é a primeira rede neural de micro-ondas integrada a um microchip e consegue processar sinais de dados rapidamente e realizar comunicação sem fio simultaneamente. A seguir, entenda melhor  como essa tecnologia funciona:

Por que o chip é chamado de “cérebro de micro-ondas”?

Cérebro de micro-ondas é uma nomenclatura um tanto quanto estranha para um chip, não é mesmo?! Mas quando entendemos o funcionamento do dispositivo, esse nome passa a fazer total sentido. Acontece que esse microchip, pequeno o suficiente para ser implementado em um smartwatch, possui um processador que utiliza a física dos micro-ondas para computar informações.

Além disso, desde o início, o chip foi projetado para atuar como uma rede neural, um sistema computacional neuromórfico, ou seja, inspirado no funcionamento do cérebro humano. Essa abordagem também é conhecida como  inteligência artificial em hardware. É  por essa razão que o chip é chamado cérebro de micro-ondas.

Entenda como o chip funciona

Diferente dos processadores digitais, em que os dados são enviados de forma sequencial, o processador do novo chip utiliza caminhos físicos por onde sinais de micro-ondas se propagam e interagem. Isso permite processar fluxos de dados em velocidade gigahertz, que são muito mais rápidos que a maioria dos chips digitais.

O chip cérebro de micro-ondas, ao invés de trabalhar com portas lógicas de forma sequencial, utiliza caminhos físicos por onde os sinais de micro-ondas se propagam e interagem. Cada guia de onda funciona como se fosse um neurônio, que extrai e transforma características dos dados no domínio analógico, antes de uma conversão digital. Como consequência, esse processamento analógico reduz a necessidade de memória, elimina cálculos repetitivos e torna o processo mais eficiente.

Após a realização de alguns, foi constatado que o protótipo conseguiu alcançar uma precisão de 88% em múltiplas tarefas de classificação envolvendo tipos de sinais sem fio, um desempenho semelhante a modelos digitais mais complexos.

Qual é o diferencial do “cérebro de micro-ondas”?

O grande diferencial do “cérebro de micro-ondas” dos outros chips está no uso da física dos micro-ondas para o processamento e transmissão de informações, que reduz o consumo energético para 200 miliwatts, um valor muito menor aos de redes neurais digitais convencionais.

Isso só é possível devido a substituição dos ciclos de clock tradicionais por guias de ondas ajustáveis, que modulam amplitude, fase e frequência dos sinais. Dessa forma, o chip consegue reconhecer padrões em tempo real, sem depender de ciclos rígidos cronometrados por um relógio.

O resultado da pesquisa demonstra o potencial tecnológico do chip para implementações em monitoramento de tráfego de rádio, rastreamento por radar, detecção de anomalias e decodificação de sinais em ambientes congestionados. Para o futuro, os pesquisadores esperam que essa tecnologia possa ser incorporada a dispositivos de uso pessoal, como celulares e relógios, com objetivo de tornar aparelhos mais rápidos e inteligentes sem depender tanto da nuvem.

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