O Linux está se despedindo do software que lhe permitiu dar o salto para o desktop há 34 anos; mas o substituto é muito melhor

O X11 permitiu que o Linux se tornasse uma plataforma viável para usuários de desktop. Mas, com seu substituto Wayland, surge uma oportunidade de melhorar a experiência gráfica

O fim da era X11 no Linux / Imagem: Marcos Merino via IA
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Por mais de três décadas, o sistema de janelas X11 foi o pilar fundamental do ambiente gráfico no Linux (que, quando nasceu, era, vale lembrar, um sistema operacional estritamente de linha de comando). Desde seu lançamento em 1984 e sua adoção em massa com a expansão dos ambientes de desktop Unix e, posteriormente, do GNU/Linux, o X11 atuou como o incansável intermediário entre aplicativos, tela, mouse e teclado.

Mas tudo tem seu fim e esse momento finalmente chegou: grandes distribuições Linux como Fedora e Kubuntu começaram a desativar o suporte padrão ao X11, marcando uma mudança de era no ecossistema do desktop Linux. Claro, isso não significa que deixarão de ter uma interface gráfica — muito pelo contrário.

O que é o X11 e por que durou tanto?

O X11, também conhecido como “X.Org” em suas versões mais recentes, é um sistema de janelas que gerencia a forma como os aplicativos gráficos são exibidos na tela e interagem entre si. Sua arquitetura cliente-servidor foi revolucionária em sua época, mas também foi projetada para um contexto muito diferente do atual: redes lentas, hardware limitado e necessidade de portabilidade entre máquinas remotas.

Por anos, o X11 foi um símbolo de flexibilidade e compatibilidade, permitindo o uso remoto de aplicativos gráficos, múltiplos gerenciadores de janelas e uma grande variedade de ambientes de desktop.

Mas essa flexibilidade também foi sua maldição: com o passar do tempo, seu design se tornou obsoleto, difícil de manter e especialmente problemático em termos de segurança, desempenho e suporte a tecnologias como telas de alta resolução ou HDR.

X11 (e aplicativos complementares) rodando “a seco”, sem gerenciador de janelas ou ambiente de desktop | via Wikipedia X11 (e aplicativos complementares) rodando “a seco”, sem gerenciador de janelas ou ambiente de desktop | via Wikipedia

Wayland: uma alternativa mais moderna

Em 2008, um desenvolvedor da Red Hat apresentou o Wayland, um protocolo projetado do zero para substituir o X11, mas sendo mais eficiente, seguro e alinhado com as necessidades atuais. Diferente do X11, o Wayland integra o compositor gráfico diretamente no servidor, o que reduz a complexidade, melhora o desempenho e permite um uso mais eficaz da aceleração por hardware.

Embora seu desenvolvimento tenha sido longo e cheio de obstáculos — especialmente pela falta de compatibilidade com drivers NVIDIA e com ferramentas antigas como “xkill” ou “xclip” —, nos últimos anos, o Wayland alcançou uma maturidade considerável. Atualmente, já é o backend padrão em distribuições de ponta como Fedora, Ubuntu, Debian e Arch.

Fedora e Kubuntu: os primeiros a dar o passo definitivo

Agora, o Fedora 43 será a primeira versão dessa distribuição a eliminar completamente o suporte ao GNOME sobre X11. A equipe do Fedora Workstation considerou que manter esse suporte implicaria lidar com problemas não resolvidos, como a instabilidade do gerenciador Mutter no X11 e uma base de código que já nem recebe mais manutenção ativa por parte do GNOME.

A transição será feita automaticamente: o gerenciador de sessões GDM não oferecerá mais a opção de iniciar o GNOME com X11 e os pacotes relacionados deixarão de estar disponíveis. No entanto, aplicativos antigos continuarão funcionando por meio do “Xwayland”, uma camada de compatibilidade que emula o X11 sobre o Wayland.

Por sua vez, o Kubuntu 25.10 também não instalará mais por padrão a sessão do seu ambiente gráfico KDE Plasma sobre o X11. Embora os usuários possam reinstalá-la manualmente se desejarem, a aposta está clara: focar esforços no Wayland e evitar atrasos nas futuras versões LTS, como a 26.04.

Como explica Rik Mills, um dos desenvolvedores do projeto, continuar mantendo o X11 implica em esforços duplicados e limita o avanço de novas funções e melhorias de segurança.

O que acontecerá com os usuários e aplicativos que ainda dependem do X11?

Para quem usa aplicativos antigos ou possui hardware que ainda apresenta problemas com o Wayland (como algumas placas NVIDIA), o Xwayland representa uma salvação. Embora não seja uma solução perfeita, permite rodar a maioria dos aplicativos X11 sem a necessidade de manter o sistema completo.

Além disso, ainda existem ambientes de desktop como Cinnamon, MATE e Xfce que continuam oferecendo sessões sobre X11, embora até esses já tenham começado a trabalhar na compatibilidade com o Wayland.

Embora o suporte oficial ao X11 desapareça nas novas instalações de muitas distribuições, isso não significa seu desaparecimento imediato: os pacotes continuarão disponíveis por um tempo e sempre haverá entusiastas que os mantenham em projetos paralelos.

Mas a tendência é irreversível. Com a maioria das grandes distribuições migrando para o Wayland e os principais ambientes de desktop — GNOME e KDE — se adaptando completamente, estamos testemunhando o fechamento de um capítulo essencial na história do Linux.

Fontes | Neowin & Fedora Project

Imagem | Marcos Merino via IA

Este texto foi traduzido/adaptado do site Genbeta.

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