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Tentando acompanhar os movimentos da Coreia do Norte, a Coreia do Sul decide apostar em um radar aéreo avançado

A Coreia do Sul terá quatro novos aviões de alerta antecipado

Aviões de alerta coreanos / Imagem: L3Harris | Força Aérea dos EUA
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin é jornalista.

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Na Coreia do Sul, a vigilância do céu é uma tarefa constante que nunca se considera concluída. Os testes de mísseis e o uso de drones de voo baixo pela Coreia do Norte destacam a necessidade de reforçar os sistemas de detecção. Os radares em terra, condicionados pela geografia do país, nem sempre oferecem a cobertura necessária contra ameaças que buscam passar despercebidas.

Para enfrentar esse desafio, Seul decidiu apostar em uma nova geração de aviões de alerta antecipado, capazes de ampliar a vigilância e garantir um controle mais estável de seu espaço aéreo. Não se trata apenas de incorporar tecnologia, mas de assegurar que o país dispõe de meios suficientes para antecipar qualquer cenário.

A busca por um novo avião de alerta antecipado começou em 2020, quando a Agência de Aquisições de Defesa (DAPA) aprovou a segunda fase de seu programa AEW&C. Naquela época, a Coreia do Sul já possuía quatro E-737 Peace Eye, adquiridos da Boeing em 2006 e entregues em 2012, mas a experiência deixava claro que eles não eram suficientes.

Documentos parlamentares divulgados em 2019 apontavam problemas de disponibilidade e falhas técnicas que impediam manter a taxa de patrulhas prevista. A essa limitação somava-se a pressão de um ambiente estratégico cada vez mais complexo, marcado pela expansão do arsenal norte-coreano.

Um salto na estratégia de vigilância aérea

Seul optou por uma combinação pouco usual até alguns anos atrás: um jato executivo Bombardier Global 6500 equipado com o radar EL/W-2085, desenvolvido pela Elta. Esse sistema, com antenas de varredura eletrônica ativa nas laterais e sensores adicionais na ponta do nariz e na cauda, permite vigiar em todas as direções, prometendo um alcance muito maior que o dos radares convencionais. Com esse modelo, o país busca uma plataforma mais compacta e com custos operacionais controlados em comparação às soluções de maior porte.

O concurso foi marcado por uma disputa entre duas propostas baseadas no mesmo avião, o Global 6500. A L3Harris ofereceu integrá-lo com o radar EL/W-2085, enquanto a europeia Saab apresentou sua solução GlobalEye, equipada com o radar Erieye Extended Range. A avaliação da DAPA concluiu que não havia grandes diferenças no desempenho técnico, mas sim em outros aspectos. Segundo a agência, a proposta americana recebeu mais pontos em operabilidade, custos de manutenção e contribuição para a indústria local, enquanto a empresa sueca se destacou em preço e condições contratuais.

Imagem conceitual do Global 6500 para a Coreia do Sul Imagem conceitual do Global 6500 para a Coreia do Sul

Segundo a DAPA, o orçamento aprovado é de 3,87 trilhões de wons, cerca de R$ 14,5 bilhões, e prevê a incorporação de quatro aviões até 2032. O objetivo é dispor de patrulhas permanentes capazes de vigiar o espaço aéreo nacional sem interrupção e coordenar a resposta em caso de crise. O planejamento das entregas até esse horizonte permitirá integrar progressivamente as aeronaves às operações da Força Aérea.

Um E-737 Peace Eye nos EUA Um E-737 Peace Eye nos EUA

O componente industrial provavelmente teve um peso relevante na decisão. A L3Harris fornece equipamentos às forças armadas sul-coreanas há mais de duas décadas, desde sistemas de vigilância eletro-óptica e infravermelha até comunicações seguras e dispositivos de visão noturna. A empresa conta com um centro de serviço autorizado no país, o que reduz os tempos de manutenção e simplifica a logística em caso de falhas.

Espera-se que os Global 6500 reforcem a defesa aérea do país asiático. Essas aeronaves serão integradas à rede nacional ISTAR, conectando sensores e unidades de combate para gerar uma visão completa do espaço aéreo. Sua missão principal será detectar intrusões e coordenar a reação imediata, mas também está previsto seu uso regular em períodos de calmaria para manter o treinamento e a preparação das tripulações.

Imagens | L3Harris | Força Aérea dos EUA

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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